segunda-feira, 22 de abril de 2013



Os "bastidores" da humildade de Bento XVI

Tudo o que tinha era apenas uma mala, alguns livros e o necessário

Por Mirticeli Dias de Medeiros

SãO PAULO, 19 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Quem diria que aquele velhinho, o qual, todos os dias, com sua maleta, fazia o trajeto de seu apartamento até o trabalho, a pé, tornar-se-ia o 265º Papa da Igreja Católica?

Creio que, para muitos, especialmente para aqueles que moravam em Roma, foi uma surpresa vê-lo na sacada central da Basílica de São Pedro, em 19 de abril de 2005, após um dos Conclaves mais rápidos da história – tão rápido quanto o do nosso Papa Francisco.

Ratzinger disse, em entrevista, nunca ter almejado cargos na Igreja e nem mesmo visado os “holofotes”, mas afirmou também estar à disposição desta mesma Igreja diante de uma necessidade. No entanto, mal saberia ele que, tamanha disposição e desapego, o levaria à Sé de Pedro.

Um Papa que, em sua infância e adolescência, viu os horrores da guerra, foi obrigado a deixar o seminário para alistar-se e, neste tempo tão doloroso, foi alvo de chacotas entre os soldados de Hitler, porque alimentava um imutável e concreto desejo: ser padre.

O Pontífice que, quando ainda cardeal, ao ser convocado por João Paulo II para transferir-se para Roma, sentiu a dor de deixar sua terra natal, a ponto de querer expressar visivelmente uma vida de simplicidade e renúncia: “Tudo o que tinha era apenas uma mala, alguns livros e o necessário”, ressaltou.

Um homem que fez questão de cumprimentar cada um dos vizinhos do modesto apartamento que habitava antes de transferir-se para o Palácio Apostólico, a residência oficial do Santo Padre.

Um Sumo Pontífice que, em uma de suas primeiras catequeses, ao ver uma criança com câncer, fez o sinal da cruz também no ursinho que ela portava, demonstrando, com isso, que um Papa também é capaz de dobrar-se para entrar no universo dos pequenos – tal gesto levou um jornalista judeu a mudar os seus conceitos. Um papa que escolheu ser simplesmente Bento, o santo que, no silêncio de um mosteiro, devolveu à Europa a identidade perdida. O pastor que, considerando-se no fim de sua peregrinação terrestre, afirmou, em 2012, que uma certeza o motivava a ir adiante: “Deus é, Deus está”.

O Sucessor de Pedro que usou um relógio cobiçado por colecionadores mas que, para ele, tinha um valor que não poderia ser calculado por eles: era o relógio de sua irmã, a qual, em seu leito de morte, ofereceu-lhe esta lembrança. Um Papa que, pouco antes de ser eleito, por causa de sua doação à Igreja, não tinha tempo de fazer algo que gostava: passear por Roma. “Eu gostaria de ter uma qualidade de vida mais leve. Eu raramente consigo chegar até a cidade”, disse.

Ele, apesar de ter feito tanto, não hesitou em sair de cena para que a Igreja pudesse seguir adiante, mesmo que isso lhe custasse a falta de reconhecimento de muitos católicos sem memória.

Bento XVI foi alguém que viveu uma humildade por vezes não captada pelas potentes câmeras de televisão, mas demonstrou aquilo que, um dia, o apóstolo das nações fez questão de frisar: “Convém que Cristo cresça e eu diminua”.

Rezamos por ti, Bento XVI, nosso Bento XVI.

(Fonte: Canção Nova)

(Fonte: ZENIT)

“UMA PURA VERDADE” (grifo meu)



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