Os
"bastidores" da humildade de Bento XVI
Tudo
o que tinha era apenas uma mala, alguns livros e o necessário
Por
Mirticeli Dias de Medeiros
SãO
PAULO, 19 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Quem diria que aquele velhinho, o
qual, todos os dias, com sua maleta, fazia o trajeto de seu apartamento até o
trabalho, a pé, tornar-se-ia o 265º Papa da Igreja Católica?
Creio
que, para muitos, especialmente para aqueles que moravam em Roma, foi uma
surpresa vê-lo na sacada central da Basílica de São Pedro, em 19 de abril de
2005, após um dos Conclaves mais rápidos da história – tão rápido quanto o do
nosso Papa Francisco.
Ratzinger
disse, em entrevista, nunca ter almejado cargos na Igreja e nem mesmo visado os
“holofotes”, mas afirmou também estar à disposição desta mesma Igreja diante de
uma necessidade. No entanto, mal saberia ele que, tamanha disposição e
desapego, o levaria à Sé de Pedro.
Um
Papa que, em sua infância e adolescência, viu os horrores da guerra, foi
obrigado a deixar o seminário para alistar-se e, neste tempo tão doloroso, foi
alvo de chacotas entre os soldados de Hitler, porque alimentava um imutável e
concreto desejo: ser padre.
O
Pontífice que, quando ainda cardeal, ao ser convocado por João Paulo II para
transferir-se para Roma, sentiu a dor de deixar sua terra natal, a ponto de
querer expressar visivelmente uma vida de simplicidade e renúncia: “Tudo o que
tinha era apenas uma mala, alguns livros e o necessário”, ressaltou.
Um
homem que fez questão de cumprimentar cada um dos vizinhos do modesto
apartamento que habitava antes de transferir-se para o Palácio Apostólico, a
residência oficial do Santo Padre.
Um
Sumo Pontífice que, em uma de suas primeiras catequeses, ao ver uma criança com
câncer, fez o sinal da cruz também no ursinho que ela portava, demonstrando,
com isso, que um Papa também é capaz de dobrar-se para entrar no universo dos
pequenos – tal gesto levou um jornalista judeu a mudar os seus conceitos. Um
papa que escolheu ser simplesmente Bento, o santo que, no silêncio de um
mosteiro, devolveu à Europa a identidade perdida. O pastor que, considerando-se
no fim de sua peregrinação terrestre, afirmou, em 2012, que uma certeza o
motivava a ir adiante: “Deus é, Deus está”.
O
Sucessor de Pedro que usou um relógio cobiçado por colecionadores mas que, para
ele, tinha um valor que não poderia ser calculado por eles: era o relógio de
sua irmã, a qual, em seu leito de morte, ofereceu-lhe esta lembrança. Um Papa
que, pouco antes de ser eleito, por causa de sua doação à Igreja, não tinha
tempo de fazer algo que gostava: passear por Roma. “Eu gostaria de ter uma
qualidade de vida mais leve. Eu raramente consigo chegar até a cidade”, disse.
Ele,
apesar de ter feito tanto, não hesitou em sair de cena para que a Igreja
pudesse seguir adiante, mesmo que isso lhe custasse a falta de reconhecimento
de muitos católicos sem memória.
Bento
XVI foi alguém que viveu uma humildade por vezes não captada pelas potentes
câmeras de televisão, mas demonstrou aquilo que, um dia, o apóstolo das nações
fez questão de frisar: “Convém que Cristo cresça e eu diminua”.
Rezamos
por ti, Bento XVI, nosso Bento XVI.
(Fonte:
Canção Nova)
(Fonte:
ZENIT)
“UMA PURA
VERDADE” (grifo meu)
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