quarta-feira, 28 de março de 2012

MAIS UM POUCO DE FILOSOFIA PARA QUEM GOSTA...

PARTE - II
A MAIÊUTICA SOCRÁTICA
1.3      Os diálogos socráticos

A didática destas ideias socráticas, ele adotava sempre o diálogo, que se apresentava de uma dúplice forma, sempre se tratava de um adversário a refutar ou mesmo de um discípulo a arrancar dele o saber que já estava ali.
No primeiro momento, assumia com humildade a atitude de quem aprende e vai multiplicando as questões até colocar o adversário em posição evidente de contradição, a fim de constrangê-lo até a confissão de forma humilde de sua ignorância. A isto chamamos de ironia socrática.
Em segundo momento, ao tratar-se de um discípulo, que muitas vezes acontecia de ser o próprio adversário que acabara de vencer, neste caso as perguntas aconteciam com mais afinco, sendo dirigida com o fim de obter num processo de indução dos casos particulares e concretos, um conceito, uma definição geral do objeto que se discute. Chamamos a este processo de pedagógico, de maiêutica, que facilitava a vinda das novas ideias.
Tal atuação demonstra de forma clara um metódo pedagógico da busca pela verdade das coisas a partir da pessoa a quem se interpela. A maiêutica se apresenta como um metódo que busca responder as questões a partir de uma “pesquisa” interna.
Esta pesquisa interna se dá no nível de diálogo que vai gerando no próprio Sócrates a vontade de perguntar mais de acordo com as respostas daquele que ele interpela.
A grande intenção do autor em tela é fazer com que a partir da maiêutica os conceitos aflorem ao espírito, proclamando com as suas próprias palavras, “só sei que nada sei”, fomentando a humildade diante do conhecimento divino.
Para Sócrates, a grande missão do ser humano seria o cuidado da alma na busca de superar a hierarquia rasteira dos bens terrenos. Ele mesmo diz nada saber.

Vede agora por que razão vos conto isso: desejo fazer-vos conhecer onde nasceu a calúnia contra mim. Ouvida a resposta oráculo, refleti deste modo: Que quer dizer o deus? O que esconde o enigma? Porque eu, por mim, não tenho consciência de ser sábio, nem pouco nem muito (Platão, “Apologia de Sócrates”, 6, 1996, p. 69).

O método apresentado é o indutivo, de investigação, utilizava a pedagogia das perguntas e respostas, no entanto a cada resposta dada se percebe aprofundar ainda mais o assunto em tela, fazendo deste diálogo um verdadeiro parto aonde vai se descobrindo o sentido das coisas.



1.4      O mito da caverna de Platão

Platão fala de Sócrates e reproduz diálogos colocando-o como personagem destes, tentando reproduzir os jogos das perguntas colocando sempre a dúvida em tela. Desta forma, fica perceptível a presença do jeito socrático de interpelar as pessoas.
É sabido que a filosofia nasce como libertação do mito, e que mesmo Sócrates condenou este tipo de mito, segundo Reale (1990, p.131),

Sócrates condenou até mesmo esse tipo de uso do mito, exigindo que fosse ele tratado com procedimento rigorosamente dialético. Platão, inicialmente, participou com Sócrates dessa posição. Entretanto, já a partir do Górgias, passou a atribuir ao mito um novo valor, que passaria a usar de forma constante, conferindo-lhe grande importância.

Para Platão o mito se reveste de uma expressão de crença, colocado o mito numa perspectiva bem mais ampla como aquele que eleva a visão do homem. Na República ele coloca o famoso “Mito da caverna”, que coloca toda uma perspectiva de pedagogia na busca do saber o que está fora daquele lugar onde só se veem sombras. Tais sombras se tratam do mundo exterior que precisa de muita coragem para sair do lugar onde se estar em busca das coisas novas.
A maiêutica visa tirar do próprio homem o que nele se esconde, fazendo ou trazendo para fora o que está no seu mais íntimo, descobrindo assim coisas novas, sabendo mais, e que o mundo é muito maior do aquela caverna em que está metido. No entanto, este que tem a coragem de vencer o medo e buscar novas descobertas deve voltar na busca de libertar aqueles que ficaram. O grande problema é que este deve sempre está em atitude vigilante para não cair na tentação de novamente ficar por lá. A sua atitude é apresentada por Platão como a atitude de um governante que tem este papel primordial, por isso que para ele o governante da República deve ser sempre aquele que chegou a luz da verdade.  Nas Palavras de Reale (1990, p.168), “Entretanto, o homem que “viu” o verdadeiro Bem deverá e saberá correr esse “risco”, pois é isso que dá sentido a sua existência.”
O estudo em tela mostra que o método socrático visa trazer ao homem a luz, mostrando a sua realidade de escravidão, e este deve sempre buscar a luz da verdade para poder assim viver de forma livre, participando das decisões que dizem respeito a sua própria vida.
A educação partindo da realidade em que se vive, faz com que o educando busque o saber no seu próprio espaço, fazendo da sua experiência de vida um aprendizado e usando a vida na comunidade como meio de aprendizagem, ou seja, partindo do que já existe em seu mundo, nas palavras de Sócrates sua própria alma, colocando o saber existente para fora. O conhecimento adquirido que gera a verdadeira liberdade e coloca o homem de igual para igual.
BIBLIOGRAFIA
ARISTÓTELES. Metafísica. Tradução de Vicenzo Cocco. Coleção Os Pensadores, Vol. IV, São Paulo: Nova  Cultura, 1996.
CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. 2ª ed. Revisada e ampliada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
OS PRÉ-SOCRÁTICOS. Seleção de texto e supervisão: Prof. José Cavalcante de Souza. Col. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultura, 1996.
PHILOTHEUS, Boehner. ETIENNE,Gilson. História da Filosofia Cristão. Desde as Origens até Nicolau de Cusa. Tradução e nota introdutória de Raimundo Vier, O.F.M. Petrópolis: Vozes, 1991.
PLATÃO. Diálogos: Eutífron – Fedon – Apologia de Sócrates – Críton. Col. Os Pensadores, São Paulo: Nova Cultural, 1996, pag. 47.
Reale, Giovanni, História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média/ Giovanni Reale, Dario Atiseri; São Paulo: Paulus, 1990 – (Coleção Filosofia).

domingo, 25 de março de 2012


PROPOSTA DE VIVÊNCIA PARA A V SEMANA DA QUARESMA

            Caros irmãos e irmãs, aproximando-se a Semana Santa, é preciso uma verdadeira preparação para vivenciarmos as festas que se aproximam.

            Proponho para esta semana e a próxima, que de acordo com o seu tempo procure fazer um exame de consciência e uma boa confissão. Na programação da Semana Santa exposta no blog você vai encontrar oportunidades de confessar-se.

Pe. José Émerson

sábado, 24 de março de 2012

V Domingo da Quaresma (ano B)
Jr 31,31-34; Sl 50; Hb 5,7-9; Jo 12,20-33
“Criai em mim um coração que seja puro. Dai-me de novo um espírito decidido.” (Sl 50)
            Diletos irmãos e irmãs! Se aproxima, o tempo de vivermos o grande mistério da fé cristã, a morte e a ressurreição de Jesus. A liturgia deste V Domingo da quaresma nos coloca diante de um grande desafio, imprimir a lei do Senhor Deus no coração e não simplesmente no pensamento, no saber racional (Jr 31, 33). Colocar a lei do Senhor na vida implica sobre tudo num grande desafio de procurar viver no Senhor, Nele e para Ele. Conhecer o Senhor com a vida, criar um intimidade com Ele, fazer Dele o nosso grande e verdadeiro amigo que está sempre disposto a nos entender com os nossos sofrimentos e cruzes do dia a dia.
            No Evangelho Jesus proclama que o grão tem que morrer para produzir frutos. Os gregos agora o procuram, querem ter um encontro com o Senhor, e para isso usam da intercessão de Filipe. Ora, O Evangelho diz que Jesus falou com eles, no entanto fica muito claro na sua resposta que a salvação agora se derrama sobre todos. O grão que morrer dará vida a todos aqueles e aquelas que desejam escrever as suas Palavras no coração (Jo 12,24). É preciso passar pela a cruz! Sendo obediente (Hb 5,8) até as últimas consequências o Senhor tornou-se causa de salvação para todos o que guardam a sua palavra no coração (Hb 5,9).
            Num mundo cada vez mais fragilizado, onde o ser humano é colocado cada vez mais à deriva da sua dignidade de filho de Deus, a liturgia deste domingo vem nos proclamar uma realidade de vida que ultrapassa todas as possibilidades ate então apresentadas por tantas teorias. Da morte do Senhor vem vida nova!
            Precisamos compreender o que realmente significa abraçar a cruz de cada dia e seguir o Senhor. A cruz para nós não é simplesmente um símbolo é o madeiro sagrado da esperança que brota da vontade de um Deus que por AMOR, e só por AMOR, se entrega a tamanho sofrimento para nos ver livres das garras da morte. Desta forma, para nós que buscamos guardar essa Palavra no coração não há morte, tristeza, nem falta de esperança, pois nós somos filhos da vitória. Filhos da luz! Se guardarmos a sua palavra e pratica-la com certeza a vida se tornará bem mais fácil e todas as perguntas serão respondidas. Você tem dúvidas!? Não, não tenha! O Senhor está conosco, pois foi para isto que Ele veio para estar ao nosso lado. Glorificando o nome do Pai, (Jo 12, 28) Jesus nos entrega a Ele numa atitude de AMOR sem limites. Desta forma não quer perder nenhum de nós.
            Não tenhamos medo de carregarmos nossa cruz com dignidade, pois o Senhor Ele sim é nossa força e vitória. Vamos em frente com Jesus.
Pe. José Émerson











SEMANA SANTA NA MATRIZ
EU FAÇO PARTE!
DIA 01 - Domingo de Ramos
06:00 - Concentração em frente ao cemitério São Miguel  e Procissão para a Matriz;
07:00 - Santa Missa (transmitida pela rádio 7 Colinas);
09:00 - Batizados;
11:00 - Missa da Graça;
19:30 - Santa Missa.
DIA 02 - Segunda-Feira
19:30 - Santa Missa.
DIA 03 - Terça-Feira
09:00 às 11:30 - Confissões;
14:30 às 17:00 - Confissões;
19:30 - Santa Missa (Logo após confissão).
DIA 04 - Quarta-Feira
08:30 às 12:00 - Adoração ao Santíssimo Sacramento;
09:00 às 11:30 - Confissões;
12:00 - Santa Missa;
14:30 às 17:00 - Confissões;
19:30 - Santa Missa (Logo após confissão).
DIA 05 - Quinta-Feira
09:00 - Catedral (Missa dos Santos Óleos)
19:30 - Missa da Ceia do Senhor (Após a Missa Adoração ao Santíssimo Sacramento)
DIA 06 - Sexta-Feira da Paixão
04:00 - Via Sacra para o Cristo do Magano – Concentração em frente a Matriz de São Sebastião (você deverá levar a sua contribuição a coleta dos lugares sagrados);
16:00 - Celebração da Paixão do Senhor (Matriz).
DIA 07 - Sábado Santo
20:00 - Celebração da Vigília Pascal.
DIA 08 - Domingo de Páscoa
07:00 - Santa Missa de Páscoa do Senhor;
09:00 - Batizados;
11:00 - Santa Missa da Páscoa do Senhor (Missa da Graça);
19:30 - Santa Missa da Páscoa do Senhor.
                Participe conosco Pe. José Émerson.

segunda-feira, 19 de março de 2012


Trindade é amor!

Padre Raniero Cantalamessa explica o mistério da Trindade como fundamento do Cristianismo.

Por Antonio Gaspari

ROMA, sexta-feira, 16 de março de 2012 (ZENIT.org) – Trindade é amor e sem Trindade o cristianismo não teria fundamento.

Isto é o que explicou hoje, 16 de março, o Pe. Raniero Cantalamessa na sua segunda pregação da Quaresma.

O Pregador da Casa Pontifícia fez referência à São Gregório Nazianzeno (329 – 390 aprox.), bispo de Constantinopla, Doutor e Padre da Igreja, mais conhecido como "o cantor da Trindade".

Como escreveu João no Evangelho "Deus é amor" (1 Jo 4,10) "e Santo Agostinho acrescentou: "Por isso, ele é Trindade!" porque “o amor supõe alguém que ama, alguém que é amado e o próprio amor”.

Padre Cantalamessa disse que "O Pai é, na Trindade, aquele que ama, a fonte e o princípio de tudo; o Filho é aquele que é amado; o Espírito Santo é o amor com o qual se amam.”

Os pensadores gregos e, no geral, as filosofias religiosas de todos os tempos, concebem a Deus principalmente como “pensamento”, ou seja, Deus que pensava a si mesmo “pensamento puro”, “pensamento do pensamento”.
 "Mas isto – acrescentou o Pregador – não é mais possível, desde o momento no qual dizemos que Deus é antes de tudo amor, porque o "puro amor de si mesmo "seria puro egoísmo, que não é a exaltação máxima do amor, mas a sua total negação”.

Assim como – disse o padre Cantalamessa - "um Deus que fosse puro Conhecimento ou pura Lei, ou puro Poder não teria nenhuma necessidade de ser Trino; mas um Deus que é acima de tudo Amor sim, porque “em menos do que dois não pode ter amor”.

"É preciso - escreveu o cardeal francês Henri Marie de Lubac - que o mundo saiba: a revelação do Deus amor transforma toda aquela concepção que ele tinha da divindade".

De acordo com o pregador da Casa Pontifícia", a Trindade  está tão mergulhada na teologia, na liturgia, na espiritualidade e em toda a vida cristã que renunciar a ela significaria começar outra religião, completamente diferente."
 Por esta razão seria necessário "tirar este mistério dos livros de teologia e colocar na vida, de modo que a Trindade não seja só um mistério estudado e devidamente formulado, mas vivido, adorado e gozado”.

A vida cristã de fato se desenvolve, do começo ao fim, no sinal e na presença da Trindade.

Na aurora da vida, fomos batizados "em nome do Pai e do Filho, do Espírito Santo", e no final de nossas vidas como cristãos, são recitadas as palavras: "Parte, alma cristã, deste mundo: em nome do Pai que te criou, do Filho que te redimiu e do Espírito Santo que te santificou".

 "Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, os esposos se unem no Matrimônio e colocam um no outro a aliança e os sacerdotes e os bispos são consagrados”, no nome da Trindade começavam certa vez os contratos, os julgamentos e todo ato importante da vida civil e religiosa.

Padre Cantalamessa concluiu a segunda pregação da Quaresma lembrando que a doxologia que conclui o cânon da Missa constitui a mais breve e a mais densa oração trinitária da Igreja: "Por Cristo, com Cristo, em Cristo, a Vós, Deus Pai Todo-Poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e toda a glória, agora e para sempre. Amém".

[Tradução Thácio Siqueira] (ZENIT)


 

domingo, 18 de março de 2012


PROPOSTA DE VIVÊNCIA PARA QUARTA SEMANA DA QUARESMA.



            Nem sempre é fácil olhar para dentro de nós, mesmo fazendo uma auto análise da nossa vida, isso implica muita coragem e determinação, visto que as vezes doí muito o simples fato de nos percebermos errados.

Ver com humildade o aspecto da minha vida pessoal, é algo que me faz sentir que não sou onipotente, mas, preciso da graça de Deus para ter uma vida melhor. Preciso me pergunta o que mais reclama mudança ou melhoria na minha vida? Se a minha vida está mais ou menos, então tenho que ver qual é esse menos, em que preciso mudar mais.

Pe. José Émerson.

IV Domingo da Quaresma – Ano B

2Cr 36,14-16.19-23; Sl 136; Ef 2,4-10; Jo 3,14-21

            Caros irmãos e irmãs celebramos neste Santo Domingo, o IV da quaresma o chamado domingo da Alegria. A Mãe Igreja vai nos preparando para as grandes festas que se aproximam, a Páscoa do Senhor.

            A liturgia da Palavra de hoje nos convida a experimentarmos o amor misericordioso de Deus, segundo o Evangelho de São João que proclama: “Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu filho unigênito, para que não morra todo o que Nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Vejam caros irmãos e irmãs, como é grande o seu amor por todos nós, o Pai do céu não poupou o seu filho, mas, o enviou para falar conosco, pertinho de nós, sentindo as nossas dores e angustias, assumindo a nossa condição de mortal, na intenção de que ouvíssemos a sua voz e procurássemos viver na sua liberdade.

            O mundo marcado pelo mal não compreendendo este amor prefere viver nas trevas a viver na luz. Pois, as trevas escondem a sua maldade. Ao contrário da luz que coloca em evidencia tudo o que não convém aos seguidores de Jesus. Tal gesto de amor do Pai nos coloca em uma dignidade incomparável, a de que em Jesus Cristo nos tornarmos seus filhos adotivos. A segunda leitura de hoje São Paulo aos Efésios  nos diz: “Assim pela bondade que nos demonstrou em Jesus Cristo, Deus quis mostrar, através dos séculos futuros, a incomparável, riqueza de sua graça”.(Ef 2, 7) É com largueza que Deus nos ama, um amor que dar a vida para nos tirar das trevas do pecado e nos fazer filhos da luz.

            Que o Senhor nos ajude nesta santa quaresma a compreendermos melhor este amor em nossas vidas e só assim vamos viver da verdade, do amor e da justiça. Não temendo a luz, que evidencia tudo aquilo que é mal e que constantemente é ameaçada pelas trevas. Devemos deixar essa luz brilhar em nossas vidas, tendo o devido cuidado de não andarmos nas trevas e na escuridão do medo, da raiva do rancor, do egoísmo. O mundo, e sobre tudo o nosso Brasil precisa iluminar mais a sua vida pública pela luz que é Jesus, vencendo o mal das trevas, da corrupção, que gera a fome, as longas filas dos hospitais, e a violência desenfreada.

            Só olhando para esta luz que é o Senhor podemos realmente passar da morte do pecado a uma vida de liberdade de justiça e paz.

Pe. José Émerson


quinta-feira, 15 de março de 2012

“Maria nos ensina a orar também pelos outros e não somente na necessidade"
Na Audiência Geral, Bento XVI abre um novo ciclo de catequeses
.
Por Lucas Marcolivio
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 14 de março de 2012 (ZENIT.org) - Concluído na semana passada, a série de reflexões sobre a oração de Jesus, o Papa Bento XVI, durante a Audiência Geral desta manhã, inaugurou uma série de meditações sobre a oração nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas de São Paulo.
            Os Atos dos Apóstolos, em particular, foram definidos como"o primeiro livro sobre a história da Igreja", lembrou o Papa. Seja neles que nas epístolas Paulinas, "um dos elementos recorrentes é justo a oração, daquela de Jesus àquela de Maria, dos discípulos, das mulheres e da comunidade cristã”.
            Elemento orientador do caminho original da Igreja é o Espírito Santo que, com a sua efusão, levará a Palavra de Deus para o Oriente e para o Ocidente. Espírito Santo, que é o próprio Jesus que anuncia a chegada (Atos 1,8).
            Enquanto isso, Maria acompanha os Onze no início da missão da Igreja: o faz com a sua "presença orante", na sequela silenciosa do Filho, “durante a vida pública até os pés da cruz”.
A oração da Virgem marca todas as fases da Igreja primitiva, a partir da Anunciação do Anjo (Lc 1,38) e da visita à sua prima Isabel (Lucas 1,46-55).
            Com o cântico do Magnificat a Mãe de Deus "não olha só aquilo que Deus tem feito por ela, mas também o que tem feito e realiza continuamente na história".
            A vemos, então, no Cenáculo de Jerusalém, onde, "em um clima de escuta e oração", Maria está presente "antes de que sejam abertas as portas e comecem o anúncio de Cristo Senhor a todos os povos."
            A presença providencial de Maria em cada um desses momentos cruciais - cujo ponto culminante é a entrega da Mãe a João por Cristo crucificado - é marcada pela sua "capacidade de manter um clima perseverante de recolhimento, para meditar cada acontecimento no silêncio do seu coração, diante de Deus”, disse o Pontífice.
Depois da Ascensão, Maria continua a acompanhar os Apóstolos que com Ela, compartilham "o que é mais precioso: a memória viva de Jesus, na oração".
            O acompanhamento de Maria é também crucial no período de transição que precede Pentecoste. Junto com ela os Apóstolos se reúnem para esperar o dom do Espírito Santo", sem o qual não podem se tornar testemunhas".
            Sem Maria não é possível nenhum Pentecoste porque “Ela viveu de uma maneira única o que a Igreja experimenta a cada dia sob a ação do Espírito Santo". Também na Constituição dogmática Lumen gentium (nº 59) destaca a importância do papel da Virgem nesta passagem, que o Concílio Vaticano II procurou enfatizar. "Venerar a Mãe de Jesus na Igreja significa então aprender dela a ser comunidade que reza", continuou Bento XVI, salientando que Maria nos convida "a abrir as dimensões da oração, a se voltar para Deus não apenas na necessidade e não só para si mesmos, mas de modo unânime, perseverante, fiél, com um “só coração e uma só alma” (cf. At 4,32). "
            Maria é "colocada pelo Senhor nos momentos decisivos da história da salvação e sempre foi capaz de responder com total disponibilidade, resultado de uma relação profunda com Deus desenvolvida na oração assídua e intensa", acrescentou.
A sua maternidade está viva "até o fim da história" e é por isso que a ela se confia “todas as fases da passagem da nossa existência pessoal e eclesial, não menos importante aquela da nossa passagem final".
Graças à Maria, com seu exemplo de oração constante e incessante, somos capazes de "sair" da “nossa casa", de nós mesmos, com coragem, para alcançar os confins do mundo e anunciar em todos os lugares o Senhor Jesus, Salvador do mundo" , concluiu depois o Papa.
[Tradução Thácio Siqueira] (ZENIT)

terça-feira, 13 de março de 2012

UM POUCO DE FILOSOFIA PARA QUEM GOSTA...

PARTE - I

A MAIÊUTICA SOCRÁTICA
1.1      Vida de Sócrates
Nascido em Atenas nos anos de 470 ou 469 a.C.,  filho de um escultor e de uma parteira, dedicou-se desde cedo à meditação e ao ensino filosófico como uma missão religiosa, não dando atenção aos serviços domésticos nem a política. Um homem que tem por marca pessoal a introspecção, que coloca em tela o famoso conhece-te a ti mesmo, que se personificava na sua voz calma.  Sua atitude irônica e crítica, usando de um método racional, vai ganhando descontentamentos e inimizades da população que terminam se concretizando na acusação contra ele como corrupto da religião nacional. A acusação era sobretudo no que diz respeito aos jovens, que poderiam ser corrompidos por ele.
Tal acusação desencadeou num processo em que foi condenado a morte, enfrentando-a de forma serena e recusando-se a defender-se no ano de 355 a.C.
Podemos distinguir a vida deste grande filósofo em duas partes. O grande filósofo sofreu a influência de Arquelau, que era um físico e que também o influenciou com o pensamento sofista[1].
1.2      A escola socrática e a busca do saber
O interesse filosófico de Sócrates, como era comum aos sofistas, se volta para o humano, tem como finalidade a praticidade. Mas diversificando dos sofistas, o seu interesse não é pelo homem empírico, de interesses egoístas, mas pelo homem em visão geral, com finalidades morais.
Começa a exemplo dos sofistas, criticando o saber popular, a sabedoria da opinião, no entanto não se limita a crítica acabando no ceticismo, mas transcende do saber sensível, mutável e individual ao saber racional, imutável. O seu pensar filosófico tem por finalidade a prática, a moral. No entanto, ele entende que tais finalidades se realizam unicamente através do conhecimento da razão.
A sua única construção racional é a gnosiologia e não a metafísica, ele ensina um método da ciência e não uma ciência propriamente dita. A sua gnosiologia mostra como se concretiza a sua forma de ensinar dialogada, onde a sua atitude é sempre irônica. Neste caso, a maiêutica se apresenta como um verdadeiro parto, como a mulher que dar a luz a seu filho, assim também o ser humano dar a luz daquilo que nele já existe.  A atitude de ignorância se dar, sobretudo no que diz respeito ao nada sei como possibilidade sempre existente de um aprender eminente. A abertura para o novo que está à porta, pronta para nos ensinar coisas novas. Segundo Reale (1990, p. 87):

Os naturalistas procuram responder à seguinte questão: “O que é a natureza ou a realidade última das coisas?” Sócrates, porém, procura responder a questão: “O que é a natureza ou a realidade última do homem?”, ou seja, “o que é a essência do homem?

Induzindo o homem a esta atitude de questionar-se de forma irônica, vai tratando de fazer com que as respostas brotem de dentro de quem ele interpela, gerando assim um questionamento constante, surtindo sempre em respostas novas, novas descobertas. Tal atitude tira o ser humano do estado estático e o coloca em lugar de gestor de seu próprio pensar.
Na transição socrática, ele trata da alma (psyché) e vida interior no sentido da pessoa no mais profundo do seu ser. A "alma" (psyché), segundo Sócrates, é a sede de uma areté, que quer dizer excelência ou virtude, que permite medir o homem segundo a dimensão interior na qual reside a verdadeira grandeza humana. É na alma, que tem lugar a opção profunda que orienta a vida humana segundo o justo ou o injusto, e é ela que constitui a verdadeira essência do homem, sede de sua verdadeira areté. A alma é vista por Sócrates como o lugar do saber. Desta forma, se faz necessário buscar da mesma esse saber, e isso acontece através do esforço de cada um. Neste caso, o filósofo faz vir à tona o saber que está intrínseco.
Na verdade, a resposta de Sócrates sobre o que é o homem, traz uma resposta bastante precisa, afirmando ser o homem a sua alma. Desta forma o diferencia de qualquer outra coisa. Para ele alma é consciência, personalidade intelectual e moral. Cuidando de si o homem não só cuidava simplesmente do corpo, mas, sobretudo da sua alma. No dizer de Reale (1990, p. 90):

E como, para ele, a própria natureza do homem é a sua alma, ou seja, a razão, e as virtudes revelam-se como uma forma de ciência e de conhecimento, precisamente porque são a ciência e o conhecimento que aperfeiçoam a alma e a razão, como já dissemos.

Para ele, todas as virtudes se resumiriam no conhecimento, sendo o cultivo da alma mais valoroso do que toda a riqueza material. O vício da ignorância é que gera o pecado, pois este acontece por ignorância do próprio bem. Tal imperfeição vem da não distinção justamente entre inteligência e vontade. Desta forma, a base da virtude está no domínio da racionalidade sobre a animalidade, tendo sempre como perspectiva o autodomínio e a liberdade, que é justamente o que leva a verdadeira felicidade, destacando desta forma o prazer e a dor como coisas indiferentes.



[1] REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média. São Paulo: Paulus, 1990.
Pe. José Émerson..

domingo, 11 de março de 2012


PROPOSTA DE VIVÊNCIA PARA TERCEIRA SEMANA DA QUARESMA

A Sagrada Escritura é para nós a luz que nos faz enxergar o grande amor de Deus por todos nós. A Palavra se fez carne na pessoa de Jesus, o filho amado do Pai. “E o verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós” (Jo1,14).

Rezar, dar tempo a escuta da Palavra, buscar tempo para rezar a palavra de Deus na vida, e perceber que lugar Deus ocupa no meu coração.

Pe. José Émerson.

sábado, 10 de março de 2012


TERCEIRO DOMINGO DA QUARESMA (ANO B)

Ex 20,1-17; Sl 18; 1Cor 1,22-25; Jo 2,13-25



            Meus irmãos e irmãs, a Santa Liturgia da Mãe Igreja, nos propõe neste domingo uma reflexão bastante interessante a cerca da nossa disposição em fazer a vontade de Deus em nossas vidas no sentido de nos deixarmos guiar pela sua Lei e Palavra.

            A leitura do livro do Êxodo pede de todos nós uma fidelidade a lei do Senhor, nos convida a escutarmos o seu chamado e a praticarmos o caminho da liberdade. Liberdade? Sim, liberdade! A lei de Deus não pode ser considerada como a lei humana, uma vez que a lei do Senhor deve ser um prazer para o homem. “A lei do Senhor Deus é perfeita, conforto para a alma” (Sl 18). A lei não está para oprimir o homem, mas a serviço deste, pois, uma vez observada tira-o de toda situação de sofrimento, uma vez que o aproxima do Senhor.

            Hoje, no Evangelho, Jesus expulsa os vendilhões do templo. O templo é casa de Deus, o lugar onde as pessoas sentiam a presença do Senhor. No entanto, tinha se transformado no grande centro comercial, deixado de cumprir com o seu objetivo principal, a casa onde povo devia justamente se sentir acolhido e amado pelo Deus que outrora o tinha libertado do Egito. Jesus com uma atitude um tanto desconhecida por muitos, tomado de uma santa fúria expulsa os vendilhões e cambistas do recinto sagrado. “O zelo por tua casa me consumirá” (Jo 2,17). Com a sua morte e ressurreição anunciada por Ele mesmo (Jo 2,19), o verdadeiro templo de adoração do Deus vivo será o seu próprio corpo. Ele agora é o verdadeiro templo, lugar dos adorados em espírito e verdade.

            São Paulo na primeira carta aos Coríntios já nos adverte que os Judeus e gregos procuram sinais, no entanto, o nosso grande sinal é a Cruz de Cristo, que é escândalo para o mundo marcado por verdadeiras discórdias (1Cor 1,23).

            Precisamos aprender a sermos verdadeiros adoradores, amando a lei do senhor com prazer, uma vez que nos liberta de todas as armadilhas do mal, nos fazendo pessoas livres para o amor. Só quem compreende no seu coração o verdadeiro sentido da Cruz de Cristo pode verdadeiramente com a vida ser livre, e compreender a lei do Senhor como caminho para a verdadeira liberdade.   Esta semana assistimos nos noticiários que já se começa, em nome de uma secularização e da liberdade de uma pequena minoria, a querer tirar o crucifixo dos lugares públicos. Pergunto: Será vergonha do Cristo, uma vez que na maioria das vezes as injustiças são mais visíveis que a verdadeira justiça? Ou se quer simplesmente apagar Deus da sociedade para poder viver de forma mais “livre” e injusta? A Cruz continua a incomodar, e sempre vai incomodar, pois o “mundo” nunca vai compreender o mistério de um Deus que por amor se deixa crucificar pela humanidade, inclusive por aqueles que querem ocultar este amor. É lamentável que um país que nasceu aos pés da Cruz do Senhor agora queira negá-lo.

No entanto, nós que acreditamos neste amor, precisamos dar testemunho dele cada vez mais. Católicos! Façam um altar na sua casa e que este seja um sinal daquilo que realmente está nos vossos corações.

Pe. José Émerson

domingo, 4 de março de 2012


PROPOSTA PARA SEGUNDA SEMANA DA QUARESMA.

Caros irmãos (a), a partilha é um gesto que percebemos em toda a Sagrada Escritura. Os padres antigos da Igreja nos falam que o gesto de partilhar é sobre tudo se colocar em comum aquilo que temos de forma generosa, lembrando que todos somos irmãos, logo, um irmão dá esmolas para o outro, mas, partilham o que tem.

Neste mundo marcado pelo individualismo e sobre tudo pela corrida em busca de tesouros que a traça e o ferrugem consomem, somos convidados a partilhar.

Partilhar é uma atitude preventiva e curativa, para que o dinheiro não seja para nós um apego e não chegue a ocupar o lugar de Deus, antes sirva, para ir ao encontro do próximo.

Que durante esta semana possamos também nós, homens e mulheres possamos partilhar daquilo que sobra em nossos guarda-roupas, alimentos, remédios, e ate de tempo para visitarmos abrigos, creches e hospitais. 

Pe. José Émerson

SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA (ANO B)

Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18; Sl 115;  Rm 8,31b-34; Mc 9,2-10

            Meus irmãos, e minhas irmãs, neste segundo domingo da quaresma, a liturgia nos convida a uma reflexão bastante pertinente à espiritualidade quaresmal. Abraão homem de Deus pede a Ele a graça de ter um filho para a sua posteridade e Deus o concede. No entanto Deus pede uma prova da sua fé, pede o seu filho em sacrifício (Gn 22,2). Na verdade Abraão não mede esforços para fazer cumprir a vontade de Deus. Mas o Senhor é o Senhor da vida e não da morte, não permitindo que Abraão atente contra a vida do seu filho.

            No Evangelho, lemos que os apóstolos Pedro, Tiago e João fazem uma experiência impar, veem Jesus, Elias e Moisés conversando no episodio da transfiguração. Moisés que representa a lei e Elias representando o profetismo do primeiro testamento, Jesus é a realização da Lei e dos Profetas. Pedro logo pede a Jesus para armar três tendas, uma para Elias outra para Moisés e outra para Jesus. Mas o medo se apodera do seu coração, logo ao descerem da montanha, o aviso do mestre, que não contassem a ninguém até que o filho do homem tivesse ressuscitado dos mortos (Mc 9,9). Jesus anuncia que a glória será precedida pela a cruz.

            Vejam que belo, o Deus que poupa a vida de Isaac, pois não permite que Abraão o oferecer em sacrifício, permite que o seu filho Jesus seja sacrificado na cruz por amor de todos nós. Por amor a humanidade, o Senhor dar o seu filho único a oferecer-se por todos como vítima, resgatando assim a todos nós, restaurando a criação. Como nos afirma São Paulo na segunda leitura, que Deus não poupou seu próprio Filho, por amor de todos nós, assim quem será contra nós (Rm 8,31).

            Que maravilha, caríssimos, este Deus realmente nos ama com amor eterno e nos quer muito felizes. Pelo batismo todos participamos do mistério da morte e ressurreição do Senhor. Somos incorporados na Igreja, membros do Corpo Místico de Cristo. Somos convidados a termos a fé de Abraão, a coragem, e ao mesmo tempo a alegria de professamos esse Jesus em nossas vidas, que Ele está sempre ao nosso lado nunca nos abandona desta forma as forças do mal nunca poderão nos atingir.

            Nesta quaresma busquemos nos cercar das coisas do alto, buscando no sacramento da confissão a alegria do filho que retorna a casa do Pai, lembrando que a vida é feita de muitos sacrifícios e que o Senhor vai nos dando a força de que tanto precisamos de acordo com as nossas necessidades. Não tenhamos medo o Senhor esta conosco e nunca nos abandonará.

Pe. José Émerson

quinta-feira, 1 de março de 2012



ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA

A antiga cultura grega coloca uma imagem de homem complexa para a cultura ocidental, tal imagem traz presente o tema do destino que se coloca como um elo, de ligação entre a visão antiga e a visão clássica de homem. Nesta cultura o homem é capaz de entra em contato com os outros e criar a comunidade política.

            Para Platão na sua concepção dualista, o corpo humano é o cárcere da alma, e esta preexiste e é sorteada para escolher as vidas possíveis, elegem melhores ou piores, encarnando-se, em virtude de uma culpa original, recebendo no final um premio ou um castigo a ser cumprido, devendo buscar essa purificação pela a via do conhecimento do Bem Supremo, sendo a imortalidade da alma seu destino final, e eterno.

A antropologia platônica coloca o homem em relação com o divino que se sobrepõe a todos. Para ele a natureza do homem é racional, e é justamente na razão que o homem realiza sua humanidade. Tal natureza racional do homem encontra no corpo não um instrumento, e sim um obstáculo. Um dualismo filosófico religioso de alma e corpo, encontrando no intelecto um obstáculo, no sentido à vontade, no impulso. Desta forma o homem se liberta se desprendendo deste mundo.

            Com o passar do tempo, o neoplatonismo vai ser o referencial do pensamento ocidental no que diz respeito ao dualismo subjetivo, ou seja, a alma sensível, inteligível correspondendo ao dualismo objetivo, tempo e eternidade.

            No que diz respeito à concepção do homem cristão medieval se apresentam as fontes filosóficas grega, tradição bíblica e vétero testamentária. A patrística vai colocar todo o seu desenvolvimento a luz do mistério da encarnação, com o tema de Santo Irineu da imagem e semelhança, este mistério se dá em nível concreto como arquétipo histórico.

            Para Agostinho o homem é um ser itinerante, dentro desta visão antropológica. Sendo a sua influência predominante no séc. XII no campo filosófico e teológico.

            A pessoa humana como a imagem da Santíssima Trindade, se conhece e se ama, ou seja memória, razão e vontade. O problema da filosofia já não é mais o cosmo, é o homem, considerado individualmente, o eu que se conforma ou se confronta com a vontade divina.

            A liberdade para Agostinho é a autodeterminação racional para o bem, que não é a ausência de vínculos ou compromissos, mas escolhê-los racionalmente, ou a vida seria um nada fazer, pois se deve optar por algum bem.

            A vontade humana é livre e dar a ele a liberdade de fazer o mal, sendo vontade de um ser limitado. Neste caso a vontade não é má, pois é vontade de um ser limitado. Assim a vontade é má, não sendo causa eficiente mais deficiente de uma ação viciosa, visto que o mal não tem realidade metafísica. O pecado tem em si mesmo apena de sua desordem, desta forma não pode a criatura lesar a Deus, logo prejudica a si mesmo, destruindo a sua natureza.

            A grande problemática histórica é o mal, Agostinho resolve, colocando os dogmas do pecado original e da redenção pela a cruz, desta forma da resposta através da teologia. O grande autor vai tratar este assunto na cidade de Deus.

            Enquanto o pensamento clássico resolve o problema metafísico teológico dualisticamente e o pensamento cristão teisticamente, o pensamento moderno de forma imanente. Há uma lógica no desenvolvimento do dualismo clássico ao teísmo cristão, não havendo o mesmo com relação ao teísmo cristão ao imanentismo moderno.  Sendo representado pela a ciência, à história e suas técnicas o pensamento moderno, estas são harmonizáveis e justificáveis com a metafísica tradicional.

            O berço do humanismo e do renascença foi a Itália e depois se propaga na Europa. Nas grandes nações europeias o humanismo é o renascimento tem seu interesse principalmente pelos problemas religiosos.

            A renascença quer ser um retorno à concepção clássica, humanista e pagã do mundo e da vida. É a afirmação da prática e da moral do imanentismo moderno. Desta forma fica visto que entre o humanismo clássico e o humanismo moderno se coloca a mensagem cristã, no que diz respeito à transcendência e ascética. A afirmação renascentista de humanismo moderno é confusa com elementos tradicionais, fazendo-se necessário separa-las. Não há ao lado do renascimento pagão um renascimento cristão, como movimento especulativo. O que há na verdade são homens pagãos ao lado de homens cristãos e elementos humanistas e naturalistas valorizáveis no cristianismo.

            O humanismo renascentista em que se rejeitam os valores medievais de uma sociedade teocêntrica, na busca da liberdade e da independência que caracteriza o novo firmamento cultural de uma sociedade antropocêntrica, desemboca num iluminismo revolucionário, que colocará fim a Idade Moderna, sem diferenciar-se dos pressupostos ideológicos.

            A dignidade da pessoa humana como tema aparece na renascença como a reiteração consciente que vem de um tema de Sófocles e da Sofística grega tornando-se comum na literatura antiga. É uma exaltação da dignidade e da respostas, as exigências  das novas sensibilidades em face ao homem e de suas obras, seus traços mais característicos do humanismo. Neste sentido há uma diferença entre a dignidade do homem na literatura antiga e nos da renascença. No primeiro caso é a atividade de contemplação atestando a grandeza do homem e sua dignidade. Já no segundo é o agir a capacidade de transformação do seu mundo que passa a ser indício incontestável da superioridade do homem.

            Para Spinoza o homem não é uma substância corpórea, nem espiritual, é um complexo de fenômenos, de modos psicofísicos que vem de uma substância única. A alma é chamada por esse complexo dos modos psíquicos, que é dotado de várias atividades teoréticas, prática. Desdobra-se cada uma em graus sensíveis e racionais que rigorosamente se correspondem. O conhecimento sensível é subjetivo, é fenômeno. O conhecimento racional é distinto em dois graus, o universal abstrato, e o concreto intuitivo, por estes o homem atinge a substância divina. Desta forma o conhecimento não se da em penetração do objeto por parte do sujeito, mas na correspondência do sujeito e do objeto.

            Caracterizada pelo rompimento com a tradição anterior a filosofia modera, rompe com o mundo religioso, com a iniciativa de Lutero, no que diz respeito a livre análise da Bíblia e independência de qualquer forma de autoridade. Há também uma ruptura filosófica, começando de forma mais radical com Descartes, que traz a vontade de construir tudo através de novas bases.

            Verifica-se que a partir da filosofia moderna há uma degradação do pensamento, ou seja, o rompimento da harmonia constitutiva da filosofia e suas partes, metafísica, ética, psicologia, sociologia, física etc. Tal raiz está na nova postura adotada diante do real, o imanentismo que começa como o racionalismo de Descartes indo até Spinoza, Kant, desembocando no idealismo absoluto de Hegel. É a filosofia em que a elucubração mental passa a ser o real. E o mundo exterior pequeno reflexo do pensamento humano. Trata-se da independência da realidade, sendo esta a mais radical independência.

            Já na dimensão da historicidade podemos perceber que antropologia de Rousseau se coloca ligada a experiência humana, sendo neste sentido, existencial. De um lado colando o sentimento, o coração como lugar deste, ou a consciência moral no centro da sua visão de homem, por outro o coloca como genuíno racionalista, dando a seu pensamento um rigor estrutural racionalista.

            Tal rigor racional é colocado em dois discursos, dando a um uma análise dos males e da corrupção da sociedade e do indivíduo como fruto da cultura. No outro discurso falando sobre a origem da desigualdade, aprofunda e analisa como uma verdadeira antropologia histórica, onde estuda os passos dados pela a humanidade evoluindo intelectualmente, socialmente, economicamente e politicamente.

            Sua antropologia se coloca como uma filosofia da história inspirando-se nos pressupostos do conhecimento da filosofia do direito natural tendo como ponto de partida a natureza humana ou o homem no estado da natureza. Coloca a trajetória da historia humana em sua reconstituição, conduz do estado a-história inicial à realidade histórica observável da sociedade civil. Tal concepção antropológica coloca as perguntas sobre o que levou o homem natural do estado de natureza ao estado de sociedade, bem como o que levou ao estado de sociedade levar o homem a corrupção e a perda da bondade inata. A antropologia de Rousseau está contramão da antropologia clássica do tipo platônica e a antropologia medieval.

            Em outra visão questão da liberdade se coloca numa perspectiva do livre arbítrio, caracterizando-se pela a ausência de constrangimento exterior na escolha dos bens contingentes pela a vontade, não estando tanto na possibilidade de escolha entra o bem e mal, mas na escolha do bem principalmente sem haver constrangimento físico para conquista-lo. Neste sentido a liberdade consiste em escolhas concretas em vista do bem.

                        A filosofia contemporânea vem concebendo o homem como um ser pluriversal vendo o homem como aquele que dar vazão e abertura às várias regiões do ser que se oferecem ao seu conhecimento e à sua ação.

Pe. José Émerson.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

OS PRÉ-SOCRÁTICOS . Seleção de texto e supervisão: Prof. José Cavalcante de Souza. C ol. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultura, 1996.

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. 2ª ed. Revisada e ampliada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

ARISTÓTELES. Metafísica. Tradução de Vicenzo Cocco. Coleção Os Pensadores, Vol. IV, São Paulo: Nova  Cultura, 1996.

PLATÃO. Diálogos: Eutífron – Fedon – Apologia de Sócrates – Críton. Col. Os Pensadores, São Paulo: Nova Cultural, 1996, pag. 47).

Reale, Giovanni, História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média/ Giovanni Reale, Dario Atiseri; -São Paulo: Paulus, 1990 – (Coleção Filosofia).

KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Coleção Os Pensadores, São Paulo: Nova  Cultura, 1996.

DESCARTES. Discurso do método; As paixões da alma; Meditações; Objeções e respostas. Coleção Os Pensadores, São Paulo: Nova Cultural, 1996.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich.  Estética: A ideia e o ideal; Estética: O belo artístico ou o ideal. Coleção Os Pensadores, São Paulo: Nova Cultural, 1996.