quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

FIM DO MUNDO
 
            Nos últimos dias com a divulgação de algumas “profecias” ou seria melhor chamar devaneios da cabeça de alguns, temos nos deparado com pessoas nos perguntando sobre o fim do mundo. E o pior, já tem ate uma data marcada, o dia 21 do dezembro.
            O que me deixa mais atordoado é que essas pessoas parecem esquecer que somos Cristãos, me explico, somos seguidores de Jesus Cristo, aquele que morreu e ressuscitou e que nos ensinou que um dia viria nos buscar para morar com Ele no céu. Segundo o Evangelho de São Mateus 24,36 nos afirma o próprio Jesus: Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão só o Pai.O mesmo está em Marcos 13,32.
            Ora, se não estou enganado o próprio Jesus nos disse nem Ele saber o dia e hora em que o Senhor virá nos buscar. Outra coisa que me deixa deverás chocado é afirmação de um fim de mundo catastrófico, onde haverá grandes sofrimentos, parece até que a intenção verdadeira dos pregadores é meter medo nas pessoas e o Evangelho que deve ser o anúncio da chegada do Reino de Deus entre nós, Jesus, o Emanuel (que quer dizer Deus conosco) (Jo1,14) se transforma  num verdadeiro terror.
            No mesmo Evangelho de Mateus 24,27 o próprio Jesus nos falando a respeito da sua vinda: “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim será também a vinda do filho do homem”. Ao que se ver parece não ser tão assombroso e barulhento assim, pois, será tão rápido quando o relâmpago que saí do oriente e se mostra até o ocidente, muito rápido. Tão simples talvez quanto o seu próprio nascimento. Silencioso ao ponto de numa leitura Paulina para ludibriar a pseudo sabedoria humana e conturbar o saber humano se mostrar de forma muito simples e silenciosa. No entanto deixemos que o próprio Deus faça do jeito que queira.
         O grande problema é que estamos muito preocupados com o fim e acabamos, esquecendo do hoje, do agora! Que tal vivermos intensamente o hoje e deixarmos o dia em que o Senhor virá nos buscar para Ele e somente Ele. Pois às vezes quem pensa muito neste fim termina julgando o outro e esquecendo da sua própria vida!
         Que tal gastarmos nosso valioso tempo e pensamento em projetos que visam o respeito pela pessoa humana. Neste tempo em que nós nordestinos passamos por esta grande seca que já era prevista, e nada se fez para se evitar o caos em que estamos passando, vendo nosso gado morrer de sede e o nosso povo vivendo as custas das bolsas disso ou daquilo, ainda bem que pelo menos elas existem.
         Realmente é fim de mundo para muitos que não mais enxergam um futuro a frente, pois, estão perdendo a esperança! Que tal nós que acreditamos na vida que não tem fim, levar esperança para quem está a beira da morte nas filas dos hospitais, vendo seus filhos mergulhado no mundo da droga e tantas outras situações de morte que estão muitas vezes ao nosso lado e até mesmo em nossos lares. Por fim se o Senhor achar por bem vir, como quiser, hoje, até agora, que seja feita a sua vontade e tudo está muito bom.
         Digo com toda certeza do meu coração não temo o fim, pois, sei em quem coloquei a minha fé e esperança! EM JESUS CRISTO O RESSUCITADO! E VOCÊ?
Pe. José Émerson

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012



"Que o natal não seja só uma festa exterior"

Durante o ângelus dominical, Bento XVI centrou-se nas virtudes de São João Batista

CIDADE DO VATICANO, domingo, 9 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) – Publicamos a seguir as palavras do Papa Bento XVI no ângelus desta manhã. O Santo Padre apareceu às 12hs na janela do seu escritório no Palácio Apostólico Vaticano, cumprimentando os peregrinos e os fieis reunidos na Praça de São Pedro.
Queridos irmãos e irmãs!
No tempo do Advento a liturgia enfatiza, de modo particular, duas figuras que preparam a vinda do Messias: a Virgem Maria e João Batista. Hoje São Lucas nos apresenta este último, e o faz com características diferentes dos outros Evangelistas. "Todos os quatro Evangelhos colocam no início do ministério de Jesus a figura de João Batista e apresentam-no como o seu precursor. São Lucas colocou antes a conexão entre as duas figuras e as suas respectivas missões [...] Já na concepção e no nascimento, Jesus e João colocaram-se em relação entre si” (A infância de Jesus, 23).
Essa configuração ajuda a entender que João, enquanto filho de Zacarias e Isabel, ambos de famílias sacerdotais, não é apenas o último dos profetas, mas representa também todo o sacerdócio da Antiga Aliança e por isso prepara os homens ao culto espiritual da Nova Aliança, inaugurado por Jesus (cf. ibid. 27-28). Lucas também afasta qualquer leitura mítica que às vezes é feita dos Evangelhos e coloca historicamente a vida do Batista: "No décimo quinto ano do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador [...] enquanto eram sumos sacerdotes Anás e Caifás” (Lc 3, 1-2). Dentro deste quadro histórico reside o verdadeiro grande evento, o nascimento de Cristo, que seus contemporâneos não vão perceber. Para Deus os grandes homens da história formam o pano de fundo para os pequenos!
João Batista se define como a “voz que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas" (Lc 3, 4). A voz proclama a palavra, mas, neste caso, a Palavra de Deus precede, enquanto que é ela mesma que desce sobre João, Filho de Zacarias, no deserto (cf. Lc 3, 2). Ele, então, desempenha um grande papel, mas sempre em relação a Cristo. Santo Agostinho comenta: "João é a voz. Do Senhor ao contrário se diz: "No princípio era o Verbo" (João 1, 1).
João é a voz que passa, Cristo é o Verbo eterno, que existia no princípio. Se tiras a voz da palavra, o que é que resta? Um som fraco. A voz sem palavra atinge o ouvido, mas não edifica o coração” (Sermão 293, 3).
Nosso objetivo é dar hoje ouvido à essa voz para conceder espaço e acolhida no coração à Jesus, Palavra que nos salva. Neste Tempo de Advento, preparemo-nos para ver, com os olhos da fé, na humilde Gruta de Belém, a salvação de Deus (cf. Lc 3, 6). Na sociedade dos consumos, em que se busca a alegria nas coisas, o Batista nos ensina a viver de uma forma essencial, para que o Natal seja vivido não só como uma festa exterior, mas como a festa do Filho de Deus que veio para trazer aos homens a paz, a vida e a alegria verdadeira.
À materna intercessão de Maria, Virgem do Advento, confiamos o nosso caminho de encontro com o Senhor que vem, para estarmos prontos para acolher, no coração e em toda a vida, o Emanuel, o Deus-conosco.
(Trad.TS)
FONTE: ZENIT.

 

sábado, 8 de dezembro de 2012

NOMEAÇÕES E TRANSFERÊNCIAS

 
08/12/2012: Nomeaçoes e transferencias para 2013

O Bispo Diocesano de Garanhuns, Dom Fernando Guimarães, tendo em vista a utilidade pastoral dos fieis da Diocese, determinou as seguintes transferências e nomeações, que terão efeito a partir de janeiro de 2013:

- Águas Belas, Paróquia de Nossa Senhora da Conceição: Uso de Ordens para o Rev.mo Diácono Alaércio de Lima Nazário, que passa a fazer parte da Equipe Pastoral da Paróquia

- Bom Conselho, Paróquia de Jesus, Maria e José: é nomeado Pároco o Revmo Padre Marcelo Protázio Alves, transferido do ofício paroquial de Nossa Senhora da Conceição de Quipapá. Uso de Ordens ao Revmo. Diácono Pedro Ferreira Sobrinho, que passará a fazer parte da Equipe Pastoral da Paróquia

- Bom Conselho, Paróquia de Santa Isabel da Hungria, no Distrito de Rainha Isabel: é nomeado Pároco o Revmo. Padre José Nivaldo Alves da Silva, transferido do ofício paroquial de São Luiz Gonzaga de Paranatama

- Brejão, Paróquia da Santa Cruz: é nomeado Pároco o Revmo. Padre José Gomes da Silva (Frei Zito), transferido do ofício paroquial de São Caetano de Caetés. É nomeado Vigário Paroquial o Revmo. Padre José Hilton Ferreira

- Caetés, Paróquia de São Caetano: é nomeado Pároco o Revmo. Padre Clóvis Soares da Silva (Padre Lourenço), transferido do ofício paroquial de Nossa Senhora da Conceição de Lagoa do Ouro

- Garanhuns, Paróquia do Sagrado Coração de Jesus: é nomeado Pároco o Revmo. Padre Roberto Bezerra da Rocha Junior, transferido do ofício paroquial de Santa Isabel da Hungria de Rainha Isabel. Uso de Ordens ao Revmo. Diácono Adriano Barbosa dos Santos, que passará a fazer parte da Equipe Pastoral da Paróquia

- Garanhuns, Paróquia de Santa Teresa do Menino Jesus: é nomeado Pároco o Revmo. Padre Poul Anderson Silva de Melo, até agora Administrador Paroquial da mesma Paróquia

- Iati, Paróquia de São Paulo Apóstolo: é nomeado Pároco o Revmo. Padre João Delong, transferido do ofício paroquial de Nossa Senhora da Conceição de Jurema

- Jurema, Paróquia de Nossa Senhora da Conceição: é nomeado Pároco o Revmo. Monsenhor Nelson Brito da Silva, transferido do ofício paroquial de Jesus, Maria e José de Bom Conselho

- Lagoa do Ouro, Paróquia de Nossa Senhora da Conceição: é nomeado Pároco o Revmo. Padre Dorgival Nicácio de Araújo, transferido do ofício paroquial de São Paulo Apóstolo, de Iati

- Lajedo, Paróquia de Santo Antônio: é nomeado Vigário Paroquial o Revmo. Padre Jeová Ribeiro Faustino, transferido do ofício paroquial do Sagrado Coração de Jesus, de Garanhuns. Uso de Ordens para o Revmo. Diácono Danilo Ferreira da Silva, que passa a fazer parte da Equipe Pastoral da Paróquia

- Palmeirina, Paróquia de Nossa Senhora da Conceição: é nomeado Pároco o Revmo. Padre Antônio Elias dos Santos Filho, até agora Administrador Paroquial da mesma Paróquia

- Paranatama, Paróquia de São Luiz Gonzaga: é nomeado Pároco o Revmo. Padre Marcos André Ferreira Gomes, transferido do ofício de vigário paroquial de Santo Antônio de Lajedo

- Quipapá, Paróquia de Nossa Senhora da Conceição: é nomeado Pároco o Revmo. Padre Josenildo Bizerra da Silva, transferido do ofício paroquial de Santa Cruz de Brejão
Observações:
As nomeações de Pároco são efetuadas por seis anos, conforme a norma canônica própria do Brasil. As demais nomeações são "ad nutum Episcopi", ou seja, permanecem à disponibilidade do Bispo Diocesano).
As posses serão feitas, em data a determinar, nos meses de janeiro-fevereiro de 2013.
Rezemos pelos nossos Sacerdotes, para que desempenhem, com alegria e fidelidade, as novas funções que a Providência Divina lhes confiou.
Pascom.
FONTE: SITE DIOCESE DE GARANHUNS.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

"DEIXAR-SE PRENDER PELA VERDADE QUE É DEUS"
Catequese de Bento XVI : O Ano da fé. Deus revela o seu grande desígnio de benevolência
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 05 de dezembro de 2012(ZENIT.org) - Apresentamos a seguir a cataquese de Bento XVI intitulada -O Ano da fé. Deus revela o seu grande desígnio de benevolência- realizada nesta quarta-feira durante a Audiência Geral na Sala Paulo VI.
Queridos irmãos e irmãs,
No início de sua Carta aos cristãos de Efésios (cfr 1, 3-14), o apóstolo Paulo eleva uma oração de louvor a Deus, Pai de Senhor Nosso Jesus Cristo, que nos introduz a viver o tempo do Advento, no contexto do Ano da Fé. Tema deste hino de louvor é o projeto de Deus para o homem, definido com termos plenos de alegria, de admiração e de gratidão, como um “desígnio de benevolência” (v.9), de misericórdia e de amor. 
Por que o Apóstolo eleva a Deus, do fundo do seu coração, este agradecimento? Porque olha para seu agir na história da salvação, culminado na encarnação, morte e ressurreição de Jesus, e contempla como o Pai celeste nos tenha escolhido antes mesmo da criação do mundo, para sermos seus filhos adotivos, no seu Filho Unigênito, Jesus Cristo (cfr Rm 8,14s.; Gal 4,4s.). Existimos, desde a eternidade em Deus, em um grande projeto que Deus tem mantido em si mesmo e que decidiu implementar e revelar “na plenitude dos tempos” (cfr Ef 1,10). São Paulo nos faz compreender, então, como toda a criação e, em particular, o homem e a mulher não são frutos do acaso, mas respondem a um desígnio de benevolência da razão eterna de Deus que com o poder criador e redentor da sua Palavra dá origem ao mundo. Esta primeira afirmação nos recorda que a nossa vocação não é simplesmente existir no mundo, estar inserido em uma história, e nem somente ser criatura de Deus; é alguma coisa maior: é ser escolhido por Deus, mesmo antes da criação do mundo, no Filho, Jesus Cristo. Nele, então, nós existimos, por assim dizer, desde sempre. Deus nos contempla em Cristo, como filhos adotivos. O “desígnio de benevolência” de Deus, que vem qualificado pelo Apóstolo Paulo também como “desígnio de amor” (Ef 1,5), é definido “o mistério” da vontade divina (v. 9), escondido e ora manifestado na Pessoa e na obra de Cristo. A iniciativa divina antecede cada resposta humana: é um dom gratuito de seu amor que nos envolve e nos transforma. 
Mas qual é o objetivo último deste desígnio misterioso? Qual é o centro da vontade de Deus? É aquele – nos diz São Paulo – de “reunir em Cristo” (v. 10). Nesta expressão encontramos uma das formulações centrais do Novo Testamento que nos faz compreender o desígnio de Deus, o seu projeto de amor para toda a humanidade, uma formulação que, no segundo século, Santo Irineu di Lione colocou como núcleo da sua cristologia: “recapitular” toda a realidade em Cristo. Talvez alguns de vós se recordam da fórmula usada pelo Papa São Pio X para a consagração do mundo ao Sagrado Coração de Jesus: “Estabelecer todas as coisas em Cristo”, fórmula que se refere a esta expressão paulina e que era também o lema deste Pontífice. O Apóstolo, porém, fala mais precisamente da recapitulação do universo em Cristo, e isso significa que no grande desígnio da criação e da história, Cristo permanece como o dentro de todo o caminho do mundo, a espinha dorsal de tudo, que atrai para Si toda a realidade, para superar a dispersão e o limite e conduzir tudo à plenitude desejada por Deus (cfr Ef 1,23).
Este “desígnio de benevolência” não tem permanecido, por assim dizer, no silêncio de Deus, na altura de seu Céu, mas Ele o fez conhecer entrando em relação com o homem, ao qual não revelou só algo, mas a Si mesmo. Ele não comunicou simplesmente um conjunto de verdade, mas se autocomunicou a nós, até ser um de nós, a encarnar-se. O Concílio Ecumênico Vaticano II, na Constituição Apostólica dogmática Dei Verbum diz: “Quis Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar a si mesmo [não somente algo de si, mas a si mesmo] e fazer conhecer o mistério da sua vontade, mediante o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo feito carne, no Espírito Santo, tiveram acesso ao Pai e tornaram-se, assim, participantes da natureza divina” (n. 2). Deus não só diz qualquer coisa, mas Si comunica, nos atrai para a natureza divina de forma que nós estamos envolvidos nela, divinizados. Deus revela o seu grande desígnio de amor entrando em relação com o homem, aproximando-se dele até o ponto de fazer-se Ele mesmo homem. O Concílio continua: “O Deus invisível no seu grande amor fala aos homens como aos amigos (cfr Es 33,11; Gv 15,14-15) e vive entre esses (cfr Bar 3,38) para convidá-los e levá-los à comunhão consigo” (ibidem). Apenas com a inteligência e as suas habilidades o homem não poderia ter chegado a esta revelação tão brilhante do amor de Deus; foi Deus que abriu o seu Céu e se abaixou para conduzir o homem ao abismo de seu amor. 
Ainda São Paulo escreve aos cristãos de Corinto: “Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos  ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Todavia, Deus no-las revelou pelo seu Espírito, porque o Espírito penetra tudo, mesmo as profundezas de Deus” (2,9-10). E São João Crisóstomo, em uma célebre obra de comentário do início da Carta aos Efésios, convida a apreciar toda a beleza desse “desígnio de benevolência” de Deus revelado em Cristo, com estas palavras: “O que te falta? Tu te tornastes imortal, te tornastes livre, te tornastes filho, te tornastes justo, te tornastes irmãos, te tornastes co-herdeiro, com Cristo reinas, com Cristo és glorificado. Tudo nos foi doado e – como está escrito – ‘como não nos dará cada coisa junto com ele?” (Rm 8,32). Tuas primícias (cfr 1 Cor 15,20.23) foram adorados pelos anjos [...]: o que te falta?” (PG 62,11).
Esta comunhão em Cristo por obra do Espírito Santo, oferecida por Deus a todos os homens com a luz da Revelação, não é algo que se sobrepõe com a nossa humanidade, mas é o cumprimento das aspirações mais profundas, daquele desejo de infinito e de plenitude que habita no íntimo do ser humano, e o abre a uma felicidade não momentânea e limitada, mas eterna. São Boaventura de Bagnoregio, referindo-se a Deus que se revela e nos fala por meio das Escrituras para conduzir-nos a Ele, afirma assim: “A sagrada Escritura é [...] o livro no qual estão escritas palavras de vida eterna para que, não só acreditemos, mas também possuamos a vida eterna, na qual veremos, amaremos e serão realizados todos os nossos desejos” (Breviloquium, Prol.; Opera Omnia V, 201s.). Finalmente, o beato João Paulo II recordava que “a Revelação coloca na história um ponto de referência do qual o homem não pode prescindir, se quer chegar a compreender o mistério da sua existência; por outro lado, porém, este conhecimento remete constantemente para o mistério de Deus, que a mente não pode esgotar, mas só acolher na fé” (Enc. Fides et ratio, 14). 
Nesta perspectiva, o que é então o ato da fé? É a resposta do homem à Revelação de Deus, que se faz conhecer, que manifesta o seu desígnio de benevolência; é, para usar uma expressão agostiniana, deixar-se prender pela Verdade que é Deus, uma Verdade que é Amor. Por isto São Paulo salienta como a Deus, que revelou o seu mistério, deve-se “a obediência da fé” (Rm 16,26; cfr 1,5; 2 Cor 10, 5-6), a atitude com a qual “o homem livremente se abandona inteiro a Ele, prestando a plena adesão do intelecto e da vontade a Deus que revela e assentindo voluntariamente à revelação que Ele dá” (Cost dogm. Dei Verbum, 5). Tudo isso leva a uma mudança fundamental do modo de relacionar-se com toda a realidade; tudo aparece em uma nova luz, trata-se então de uma verdadeira “conversão”, fé é uma “mudança de mentalidade”, porque o Deus que se revelou em Cristo e fez conhecer o seu desígnio de amor, nos prende, nos atrai para Si, transforma o sentido que sustenta a vida, a rocha sobre a qual essa pode encontrar estabilidade. No Antigo Testamento encontramos uma densa expressão sobre a fé, que Deus confia ao profeta Isaías a fim de que a comunique ao rei de Judá, Acaz. Deus afirma: “Se não crerdes – isto é, se não vos mantiver fiéis a Deus – não subsistireis” (Is 7,9b). Existe então uma ligação entre o estar e o compreender, que exprime bem como a fé seja um acolher na vida a visão de Deus sobre a realidade, deixar que seja Deus a conduzir-nos com a sua Palavra e os Sacramentos no entender o que devemos fazer, qual é o caminho que devemos percorrer, como viver. Ao mesmo tempo, porém, é o próprio compreender segundo Deus, o ver com os seus olhos que faz sólida a vida, que nos permite de “estar em pé”, de não cair. 
Queridos amigos, o Advento, o tempo litúrgico que apenas começamos e que nos prepara ao Santo Natal, nos coloca diante do luminoso mistério da vinda do Filho de Deus, ao grande “desígnio de benevolência” com o qual Ele quer atrair-nos para Si, para fazer-nos viver em plena comunhão de alegria e de paz com Ele. O Advento nos convida, mais uma vez, em meio a tantas dificuldades, a renovar a certeza de que Deus é presente: Ele entrou no mundo, fazendo-se homem como nós, para trazer a plenitude do seu plano de amor. E Deus pede que também nós nos tornemos sinal da sua ação no mundo. Através da nossa fé, da nossa esperança, da nossa caridade, Ele quer entrar no mundo sempre de novo e quer sempre de novo fazer resplandecer a sua luz na nossa noite. 
(Trad.CN Notícias)
FONTE: ZENIT.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012


Cardeal de SP comenta leilão da virgindade de jovem brasileira
22/11/2012
Eu teria preferido escrever sobre outro assunto nesta semana, mas o leilão da virgindade de uma jovem brasileira, amplamente divulgado pela imprensa, requer uma reflexão. É um fato chocante e, ao mesmo tempo, parece tão banal que, talvez, só chamou a atenção porque o leilão aconteceu de maneira aberta, pela internet, e porque o valor do arremate foi alto. Um jovem russo tentou a mesma façanha; chamou a atenção pelo seu insucesso, pois a oferta foi muito baixa; ele desistiu do leilão e ficou deprimido.
Afinal, o que está acontecendo? Pessoas colocam livremente a própria dignidade em leilão em troca de dinheiro? O fato foi acompanhado com curiosidade morbosa e até com torcida, para ver até aonde a oferta chegaria. Chocar, por quê? Nas calçadas de certas ruas da cidade e em tantas “casas do amor” não acontece o mesmo todos os dias, sem que isso chame a atenção, ou cause consternação em ninguém? Há mesmo quem queira legalizar a prostituição, como se fosse uma profissão qualquer. Tudo se resolve no nível econômico, também para traficar pessoas, reduzi-las a escravas, vender bebês, comerciar órgãos humanos…
E há quem compre ou venda votos nas eleições, comprando ou vendendo a própria dignidade; e também quem suborne a Justiça, pondo em liquidação a própria consciência; há quem compre armas, use-as contra os outros, faça violência, mate, tudo pela vantagem econômica. E há quem trafique drogas, lucrando com o comércio da morte; e quem, simplesmente, vai roubando o que é dos outros ou de todos: tudo pela vantagem econômica que está em jogo…
 Grande novidade nisso tudo não há; coisas que sempre aconteceram. O novo é que, sem nos darmos conta, estamos assimilando uma cultura do mercado, na qual o fator econômico passou a ser o referencial maior: de uma cultura de valores éticos e morais, para uma cultura do valor econômico; o bem maior parece ser a vantagem econômica, que tudo permite e legitima, amolecendo qualquer resistência do senso moral. Tudo fica justificado, se há vantagem econômica. Aonde vamos parar?
Está mais do que na hora de colocar tudo isso em discussão novamente; será que essa tendência cultural vai levar a um aprimoramento das relações humanas? A uma dignidade maior no convívio social? A uma valorização real das pessoas, ao respeito pela justiça e a paz? Provavelmente não. Certamente não. O ser humano, avaliado, sobretudo, na ótica da razão econômica, deixa de ser pessoa e vira objeto quantificável.
Nisso também não há grande novidade; no passado, houve a exploração dos escravos, dos operários, das mulheres. Mas, sob protesto. O preocupante, agora, é que essa maneira de ver e fazer passe por aceitável e normal e a própria pessoa “objetizada”, outrora considerada vítima, agora seja vista como um sujeito autônomo e livre, que faz o que quer, também com sua própria dignidade; e tudo vai bem assim…
Voltaremos às feiras em que se vendem escravos? Livremente expostos à venda, aliás, ao leilão? O leilão da virgindade, por internet, é um fato que deve preocupar educadores, juristas, filósofos… Da curiosidade morbosa, é preciso passar à reflexão, talvez com um pouco mais de vergonha diante do que está acontecendo. Nossa dignidade comum está sendo leiloada! É deprimente!
Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 21.11.2012
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo

quinta-feira, 15 de novembro de 2012


Penso que as imagens dizem tudo! A nossa caminhada este ano foi a maior de todas. Neste ano da Fé devemos dizer aos quatro cantos do mundo que vale a pena crer em Jesus. Há quem diga que tinha mais de nove mil pessoas.







terça-feira, 30 de outubro de 2012





    PROGRAMAÇÃO PARA O DIA DE FINADOS

 As Missas serão celebradas nos seguintes horários:







Cemitério São Miguel:
06hs – Santa Missa - Celebrada pelo Exmº. Sr. Bispo diocesano de Garanhuns Dom Fernando Guimarães.

08hs – Santa Missa
10hs – Santa Missa
15hs – Santa Missa
16h 30min – Santa Missa

Matriz de São Sebastião:
08hs – Santa Missa
19h 30min – Santa Missa

Capela de São José – Vila Miracica:
09h 30min – Santa Missa

        
Fiel no pouco,


José Émerson Alves da Silva
Pároco

sábado, 27 de outubro de 2012



9 perguntas sobre o Ano da Fé

BRASILIA, segunda-feira, 01 de outubro de 2012 (ZENIT.org) - No próximo dia 11 de outubro começará o Ano da Fé, convocado por Bento XVI. Mas de que se trata? O que deseja o Santo Padre? O que se pode fazer? A 10 dias do início, respostas às perguntas que surgem.

1. O que é o Ano da Fé?

O Ano da Fé "é um convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo" (Porta Fidei, 6).

2. Quando se inicia e quando termina?
Inicia-se a 11 de outubro de 2012 e terminará a 24 de novembro de 2013.

3. Por que nessas datas?
Em 11 de outubro coincidem dois aniversários: o 50º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II e o 20º aniversário da promulgação do Catecismo da Igreja Católica. O encerramento, em 24 de novembro, será a solenidade de Cristo Rei.

4. Por que é que o Papa convocou este ano?"
Enquanto que no passado era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes setores da sociedade, devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas". Por isso, o Papa convida para uma "autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo". O objetivo principal deste ano é que cada cristão "possa redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo".

5. Quais meios assinalou o Santo Padre?
Como expos no Motu Proprio "Porta Fidei": Intensificar a celebração da fé na liturgia, especialmente na Eucaristia; dar testemunho da própria fé; e redescobrir os conteúdos da própria fé, expostos principalmente no Catecismo.

6. Onde terá lugar?
Como disse Bento XVI, o alcance será universal. "Teremos oportunidade de confessar a fé no Senhor Ressuscitado nas nossas catedrais e nas igrejas do mundo inteiro, nas nossas casas e no meio das nossas famílias, para que cada um sinta fortemente a exigência de conhecer melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre. Neste Ano, tanto as comunidades religiosas como as comunidades paroquiais e todas as realidades eclesiais, antigas e novas, encontrarão forma de fazer publicamente profissão do Credo".

7. Onde encontrar indicações mais precisas?
Numa nota publicada pela Congregação para a doutrina da fé.

Aí se propõe, por exemplo:

- Encorajar as peregrinações dos fiéis à Sede de Pedro;
- Organizar peregrinações, celebrações e reuniões nos principais Santuários.
- Realizar simpósios, congressos e reuniões que favoreçam o conhecimento dos conteúdos da doutrina da Igreja Católica e mantenham aberto o diálogo entre fé e razão.
- Ler ou reler os principais documentos do Concílio Vaticano II.
- Acolher com maior atenção as homilias, catequeses, discursos e outras intervenções do Santo Padre.
- Promover transmissões televisivas ou radiofônicas, filmes e publicações, inclusive a nível popular, acessíveis a um público amplo, sobre o tema da fé.
- Dar a conhecer os santos de cada território, autênticos testemunhos de fé.
- Fomentar o apreço pelo patrimônio artístico religioso.
- Preparar e divulgar material de caráter apologético para ajudar os fiéis a resolver as suas dúvidas.
- Eventos catequéticos para jovens que transmitam a beleza da fé.
- Aproximar-se com maior fé e frequência do sacramento da Penitência.
- Usar nas escolas ou colégios o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica.
- Organizar grupos de leitura do Catecismo e promover a sua difusão e venda.

8. Que documentos posso ler agora?
- O motu proprio de Bento XVI "Porta Fidei"
- A nota com indicações pastorais para o Ano da Fé
- O Catecismo da Igreja Católica
- 40 resumos sobre a fé cristã

9. Onde posso obter mais informação?
Visite o site annusfidei.va

(Fonte: http://www.opusdei.org.br/art.php?p=50231)

terça-feira, 2 de outubro de 2012


Alterações dos crimes sexuais no projeto do Código Penal
Conversa organizada por ZENIT entre dois procuradores regionais da República
Por Thácio Siqueira
BRASILIA, quinta-feira, 27 de setembro de 2012 (ZENIT.org) - Publicamos a seguir uma conversa organizada por ZENIT entre Paulo Vasconcelos Jacobina, procurador regional da República em Brasília e mestre em Direito Econômico, e o Dr. Paulo Queiroz, Doutor em Direito (PUC/SP), Procurador Regional da República em Brasília e Professor do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). O tema da conversa-entrevista são os crimes sexuais contemplados no Anteprojeto do Novo Código Penal
.PAULO JACOBINA: Qual a impressão do senhor sobre as alterações sugeridas pelo projeto de Código Penal que tramita no Senado Federal, especificamente quanto aos crimes sexuais?
Paulo Queiroz: No que tange aos crimes contra a dignidade sexual, a legislação atualmente existente é melhor e tecnicamente muito superior ao projeto. Seria mais razoável corrigir, atualizar e melhorar a legislação já em vigor, sem a pretensão de começar do ponto zero, como se nada existisse. Não é plausível tampouco pretender incorporar ao Código Penal toda a legislação penal extravagante. A meu ver, essa pretensão é, ela mesma, uma extravagância.
A Exposição de Motivos, além de conter equívocos, é lacônica, superficial e praticamente não explica as modificações levadas a efeito. Tenho que um Código é essencial, competindo-lhe estabelecer as regras e institutos fundamentais que vão informar a atividade penal do Estado. Mas o fato é que a legislação se expandiu de tal modo que é praticamente impossível reduzi-la a um Código. Ademais, assuntos há que, por sua especialidade e complexidade, demandam lei especial.
 PAULO JACOBINA: Quanto à polêmica redução da idade de vulnerabilidade do adolescente quanto aos crimes sexuais, de catorze para doze anos, qual a sua avaliação técnica da proposição?
 Paulo Queiroz: O projeto assinala que “a Comissão entendeu apropriado acompanhar o critério estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, que considera criança o ser humano até os 12 anos de idade”. E de fato os crimes sexuais contra vulnerável fazem referência a “pessoa que tenha até doze anos”.
Tenho, porém, que a expressão “até doze anos” é das mais ambíguas, podendo designar tanto quem não completou doze anos quanto quem ainda não completou treze anos.
É que a referência “até doze anos”, sem mais, não exclui as frações de ano (meses e dias) que se seguem aos doze anos completos. Assim, quem tem doze anos, meses e dias, não tem nem mais, nem menos, de “até doze anos”, visto que o vocábulo “até” estabelece um limite de ano, mas não de meses e dias.
PAULO JACOBINA: Considerando que o projeto pretende fazer uma alteração tão profunda em nosso ordenamento, os prazos para a sua discussão e mesmo para a sua vigência não lhe parecem muito exíguos?


Paulo Queiroz: Parece-me extremamente exíguo o prazo de 90 (noventa) dias para a entrada em vigor da lei (vacatio legis), nos termos do art. 543 do Projeto.
Lembro que o novo Código Civil entrou em vigor somente após um ano da data da sua publicação. E o Decreto-lei n° 2.848 (Código Penal atual), de 7 de dezembro de 1940, só passou a vigorar no dia 1° de janeiro de 1942 (art. 361), mais de um ano depois.
Naturalmente que um projeto tão ambicioso, com repercussão tão ampla, que pretende reduzir tudo a um único Código, demandaria um tempo de vacatio legis muito superior ao previsto (90 dias).
PAULO JACOBINA: O senhor poderia exemplificar-nos quanto a outras omissões, contradições e deficiências que, concretamente, enxerga no texto deste projeto?
Paulo Queiroz: O projeto contém omissões graves: 1)nada refere sobre as formas qualificadas, a exemplo da lesão grave ou morte; 2)nada diz sobre a ação penal; 3)não menciona as causa de aumento de pena que sempre constaram da legislação, a exemplo do concurso de agentes, crimes praticados por ascendente, tutores etc.
Quanto à ação penal, creio que houve esquecimento puro e simples. Mas, se não foi o caso, o projeto terá tornado obrigatória a ação penal (ação penal pública incondicionada) para todos os crimes, algo bastante questionável do ponto de vista da política criminal. Outra omissão grave é que o projeto nada diz sobre os mesmos delitos previstos no Código Penal Militar (CPM, arts. 232 a 239), cuja redação original permanece inalterada desde 1969 (Decreto-lei 1.001, de 21 de outubro de 1969).
Além dos crimes previstos no título sobre a dignidade sexual, o projeto prevê, no título dos crimes contra os direitos humanos, e, a meu ver, em lugar incorreto, visto que ficariam melhor situados no título dos crimes contra a dignidade sexual de vulnerável, os seguintes tipos:

1)fotografia ou filmagem de cena de sexo (art. 493);
2)venda de fotografia ou vídeo com cena de sexo (art. 494);
3)divulgação de cena de sexo (art. 495);
4)aquisição ou posse de arquivo com cena de sexo (art. 496);
5)simulação de cena de sexo (art.497);
6)assédio de criança para fim libidinoso (art. 498).
E há ainda um outro tipo penal relacionado à prostituição, que é a “transgenerização forçada” (art. 464), que tem a seguinte redação (caput do artigo): “Realizar em alguém, contra a sua vontade, qualquer ato tendente a alterar a percepção social de seu gênero designado pelo nascimento, com o fim de submetê-lo, induzi-lo ou atraí-lo à prostituição ou qualquer forma de exploração sexual.”
Confesso que não o entendi bem. De todo modo, se se trata de mais um caso de prostituição forçada, melhor seria que constituísse, não um tipo penal autônomo, mas uma forma equiparada do art. 183 (exploração sexual), em parágrafo específico.
 
PAULO JACOBINA: Seria possível, na sua opinião, aperfeiçoar este projeto, aproveitá-lo ou melhorá-lo de algum modo, nos prazos exíguos que a sociedade tem para debatê-lo?
Paulo Queiroz: Quer sob o ponto de vista político-criminal, quer sob o ponto de vista dogmático, quer sob o ponto de vista de técnica legislativa e linguagem jurídica, o texto é, no que se refere aos crimes contra a dignidade sexual, sofrível, e, pois, deveria ser completamente revisto ou simplesmente abandonado.
Ademais, considerando que os crimes contra a dignidade sexual sofreram uma importante e recente reforma por meio da Lei nº 12.015, de 7 de agosto de 2009, tenho que, no essencial, uma nova reforma é absolutamente desnecessária.
FONTE: ZENIT


quarta-feira, 26 de setembro de 2012



Os crucifixos nos órgãos públicos

Por Edson Sampel

SÃO PAULO, terça-feira, 25 de setembro de 2012 (ZENIT.org) - O Estado brasileiro é deveras laico, haja vista os preceitos constitucionais que salvaguardam a liberdade de exercício de qualquer religião (Art. 5.º, VI) e que interditam ao poder público criar cultos religiosos e igrejas ou, ainda, patrocinar essas entidades (Art. 19, I).
Reza o preâmbulo da constituição federal: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado democrático (...) promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil” (grifos meus). Em face deste preâmbulo, formalmente constitucional e jurídico, uma vez que é parte integrante da constituição federal, não há que se falar em Estado ateu ou propugnador do laicismo absoluto, mesmo porque a própria Lex legum determina a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas públicas, com frequência facultativa (Art. 210, § 1.º).
A mais relevante consequência jurídico-moral da inserção do nome de Deus na constituição é a seguinte: se o poder constituinte originário desenvolveu todas as atividades tendentes à elaboração da charta magna sob a proteção de Deus, logo, o poder constituinte derivado deve agir igualmente sob a proteção de Deus, ao menos em termos de congruência de princípios. Desta feita, um deputado, ao preparar um anteprojeto de lei, atua, constitucionalmente falando, sob a proteção de Deus; o mesmo fenômeno constitucional-divino-protetor, digamos assim, ocorre com um prefeito que expede um decreto ou com um juiz que prolata uma sentença.
O crucifixo, particípio passado irregular de crucificar (a forma regular é “crucificado”), num primeiro súbito de vista, representa, sem dúvida, a religião cristã, principalmente o catolicismo. A fim de afixar um crucifixo na parede de uma repartição pública, não é juridicamente válido o argumento de que a maioria dos brasileiros são católicos e de que a esmagadora maioria são cristãos, porquanto o Brasil é um Estado laico, ou seja, não tem religião oficial, diferentemente do que sói ocorrer, por exemplo, na Inglaterra, onde o anglicanismo é a religião oficial, ou na Alemanha, onde o luteranismo é o credo constitucional, ou em Israel, onde o judaísmo é a religião do Estado. Sem embargo, consoante observamos acima, o poder constituinte derivado é exercido também sob a proteção de Deus.
 Note-se que a constituição ab-rogada de 1967 pressupunha a “invocação” de Deus. Os constituintes da carta política de 1988, ora em vigor, foram mais longe e deram por certa a presença efetiva do Altíssimo, que os protegeu ao longo dos trabalhos de feitura da lei maior do país. A aludida proteção é de ordem metafísica ou sobrenatural, porém, pode ser simbolizada pelo crucifixo, um elemento cultural da tradição brasileira, que anela exprimir a presença divina em determinado ambiente, tirante qualquer corrente religiosa específica.
 O crucifixo num lugar público, como aquele instalado no plenário do Supremo Tribunal Federal, não corresponde apenas pura e simplesmente a uma imagem do cristianismo, mas quer demonstrar, segundo o modo peculiar da cultura de nosso país, em coerência com a ideia dos constituintes (mens legislatoris), que Deus protege os membros daquele celso sodalício no mister típico deles, isto é, nos julgamentos. Com efeito, o crucifixo ganha foros suprarreligiosos ou supraconfessionais; é empregado tão somente em virtude de ser o meio mais corriqueiro e hábil, nos meandros da tradição brasileira, para realçar a proteção divina. Pergunto: qual seria, entre nós, um outro símbolo apto a materializar o preâmbulo da constituição da república?
Nada democráticos, em minha opinião, os comportamentos de certos agentes políticos, como os do poder judiciário do Rio Grande do Sul, ordenando a retirada dos crucifixos dos organismos judiciais daquele estado. Repito: os crucifixos nas paredes de repartições públicas são, antes de tudo, na nossa cultura, o sinal mais compreensível e evidente da proteção de Deus, sob a qual obrou o poder constituinte originário e há de ser dia a dia exercitado o poder constituinte derivado.

Edson Luiz Sampel é Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano. Professor do Instituto Teológico Pio XI (Unisal) e da Escola Dominicana de Teologia (EDT). Membro da Sociedade Brasileira de Canonistas (SBC).

FONTE: ZENIT





domingo, 23 de setembro de 2012


JESUS SENTOU-SE, CHAMOU OS DOZE E LHES DISSE: “SE ALGUÉM QUISER SER O PRIMEIRO, QUE SEJA O ÚLTIMO DE TODOS E AQUELE QUE SERVE A TODOS!” (Mc 9,35)
            Na liturgia deste vigésimo quinto domingo do tempo comum, Jesus mais uma vez começa a falar que vai subir para Jerusalém e que lá vai sofrer muito, para a sua surpresa os discípulos estão preocupados com quem era o maior entre eles. Realmente parece que ainda não compreenderam muita coisa dos ensinamentos de Jesus.
            Realmente a vida humana é marcada por estas perguntas cruciais! Precisamos o tempo todo saber do nosso lugar na sociedade, o valor que os outros estão nos dando e até mesmo precisamos que os outros nos elogiem para melhorarmos a nossa estima. Ora, será que precisamos mesmo disso?
            É preciso compreender que ser seguidor de Jesus implica em assumir a cruz de cada dia, falar quando necessário, calar quando preciso agir se for o caso e está sempre atento aquilo que Deus quer de nós para não agimos pelos nossos instintos egoístas, pensando só em nossos próprios interesses.
            O Senhor nos convida a fazermos uma experiência diferente daquilo que o mundo nos propõe, buscarmos viver sempre de acordo com o seu querer, assumindo o nosso lugar no mundo como cristãs naquilo que Ele nos chamou a ser.

Pe. José Émerson.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012


NOTA SOBRE AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES

            Dom Fernando Guimarães, Bispo Diocesano de Garanhuns, no exercício de sua responsabilidade pastoral, tendo em vista as próximas eleições políticas, recorda aos fieis católicos o seguinte:

1.                  A Igreja Católica valoriza a atividade política, enquanto exercício público em vista do bem comum da sociedade. Os poderes civis, constituídos pelo voto popular, têm a grave responsabilidade de se dedicar honestamente ao bom governo da sociedade, na harmonia, na justiça e no respeito pelos direitos de todos.
2.                  A Igreja Católica não tem candidatos próprios, nem recomenda qualquer candidato. Já o exercício do voto é um direito e um dever de cada cidadão, e este deve exerce-lo segundo a sua própria consciência.
3.                  Os católicos são convidados a cumprirem este seu dever cívico, com responsabilidade e critério. Para isso, devem analisar com atenção a pessoa de cada candidato, a sua honestidade e probidade pessoal e o seu programa de governo. Eventuais propostas de governo contrárias à lei natural, à moral e à doutrina católica devem ser critérios orientadores para se votar ou não em um candidato.
4.                  É ilegal e imoral vender o próprio voto, em troca de benefícios de qualquer espécie. Como é também imoral e ilegal a tentativa de comprar votos.
5.                  Os padres e religiosos não podem exercer atividade político-partidária nem se candidatar a cargos políticos. Os locais pertencentes à Igreja Católica não devem ser utilizados para eventos ligados à campanha eleitoral de qualquer partido ou coligação. Católicos leigos, com cargos de direção nas paróquias e movimentos, se forem entrar diretamente na campanha política, deverão renunciar aos seus cargos eclesiais durante a campanha.
6.                  Esta Nota seja lida nas Santas Missas dominicais dos dias 11 e 12 de agosto, e dos dias 22 e 23 de setembro de 2012, permanecendo afixada no quadro de aviso de todas as Paróquias nos meses de agosto e setembro.

Garanhuns, na sede da Cúria Diocesana, aos 1º de agosto de 2012.



                                                                       + Fernando Guimarães
                                                               Bispo Diocesano de Garanhuns

sábado, 28 de julho de 2012


Católicos, que sejam 20%
Análise das conclusões do IBGE sobre a diminuição de católicos
 Por Luiz Eduardo Cantarelli
 BELO HORIZONTE, sexta-feira, 27 de julho de 2012 (ZENIT.org) - Nem todos futuros são para desejar, porque há muitos futuros para se temer. (Pe Antônio Vieira).
Em 1970, os católicos eram 90% dos brasileiros. Hoje, segundo o IBGE, são 64,6%, ou seja, 26%, uma massa de 37 milhões – uma Argentina de gente –, deixou de ser católica. Ao seu estilo, Nelson Rodrigues preconizava na década de 70 que o Brasil seria, no futuro, o maior país de ex-católicos do mundo.
Para onde partem os católicos? Na sua grande maioria, seguem para as, assim chamadas, religiões evangélicas, principalmente para as de cunho pentecostal e autônomas. No último censo, os protestantes subiram de 15% para 22,2%, dentre estes, estão os tradicionais que ficaram patinando nos 4%.
O espiritismo, que na década de 50 pensou-se que seria a religião do Brasil, estacou em 2%. Os “sem religião” margeiam os 8%, sendo que os 3% restantes estão espalhados nas diversas outras propostas religiosas. Então, basicamente, o funil de saída é para o protestantismo e, daí, parte deles migra para os “sem religião” – o que não quer dizer que se tornam ateus.
 Quando estancará o vertedouro de escoamento é uma incógnita, pois vários são os fatores, objetivos e subjetivos interferentes nesse processo, alguns destes relevantes que ouso explicar o movimento.
O primeiro: o “espírito do tempo” que estamos vivenciando, um mundo plural, em que a morte do passado nos revela que tradição não dá mais liga e o individualismo é o senhor da razão. Nesta nova visão de mundo, tem muito pouco valor aquilo em que os antepassados creram e viveram. A experimentação do novo e a curiosidade do desconhecido soam forte em cada um.
Segundo Dr. Flávio Pierucchi, da USP: “Uma sociedade que não precisa mais de Deus para se legitimar, se manter coesa, se governar e dar sentido à vida social, mas que, no âmbito dos indivíduos, consome e paga bem pelos serviços prestados em nome dEle”.
A humanidade já viveu uma experiência parecida em meados do século XIX, com a crise Católica da negação do modernismo, acrescida do movimento milenarista e do sucesso da ciência insipiente, que tudo parecia provar e demonstrar. Naquela trajetória, nasceram o Positivismo, o Espiritismo, o Adventismo, os Mórmons, as Testemunhas de Jeová, a Teosofia, o Exército da Salvação e tantas outras religiões. Eram propostas notadamente anticatólicas, porém, inovadoras e muitas dessas permaneceram no tempo.
Paradoxalmente, podemos considerar o movimento religioso evangélico atual fugaz e consonante com a onda consumista. É fragmentado em milhares de denominações que seguem o discurso do pastor fundador e, na maioria das vezes, com uma adaptação racional e funcional do evangelho às necessidades pessoais – uma forma híbrida de autoajuda.
O segundo: foi no Brasil que ocorreu em menor espaço de tempo o êxodo rural – o deslocamento de grandes massas de gente do campo para as cidades. Foram 35 milhões de migrantes que incharam as grandes cidades, principalmente nas periferias. Note-se que foi aí que se deu o maior número de conversões. (Antoniazzi). Assim, no impacto da perda de espaços e de valores que norteavam a família, estes se diluíram, influenciando e transformando as gerações que se seguiram. Nesse cenário decomposto, muitas vezes a escolha da religião é motivada pela ocasião.
O terceiro: a quantidade de propostas e igrejas que concorrem no mercado religioso. O espaço sagrado da Igreja, como o católico o qualifica, altera-se no protestantismo – ali, o sagrado é o coração do homem. O espaço físico pode ser oriundo de um açougue, uma funerária ou outro prédio qualquer.
Nessa facilidade de produzir igrejas e congregações, as ofertas são muitíssimas. Associado aos milhares de pequenos movimentos, há a força das “amplas vitrines”, que são as grandes igrejas evangélicas mediáticas, nas quais a maximização dos lucros é a “teologia sonhada”. Fazem uso dos mecanismos de mercado como franquias, cartões de crédito, bancos, etc. Dezenas de milhões de reais são investidos, por mês, na TV, que é concessão do Estado, para apresentar-se em horário nobre, com “milagres” de hora marcada e ao vivo.
De modo descarado, ainda segundo Pierucchi, “o discurso proferido dos fieis para com Deus, que sustentou a civilização judaico-cristã e islâmica desde as origens, agora tem sua direção invertida pela nova cristandade que proclama que Deus é fiel, o fiel é Deus. Investimento seguro, vale dizer”.
O quarto: e o mais relevante, a falta de testemunho, pelos católicos, é o principal motivo alegado para a saída de muitos. Talvez o homem contemporâneo necessite mais do que pregação. Ele precisa de testemunhos reais e tangíveis.
A Igreja Católica é similar a uma arca. Com suas múltiplas espiritualidades, tem lugar para a heterogeneidade, embora também carregue uma contradição interna na qual não mais que 30% dos que se dizem católicos são habituais frequentadores da igreja. Os outros 70% orbitam em torno dela nas necessidades sociais e nos ritos de passagem como: batismo, casamento e velórios. Estes são os católicos nominais que estão incluídos nos citados 64% do IBGE, alguns deles com aversão à religião, mas, por uma tênue teia do passado, se mantêm ligados à Igreja. Outros frequentam novas propostas religiosas/filosóficas que ainda não constam no questionário do Censo e há uma grande parcela de católicos que está aguardando um “insight” com a Transcendência. Muitas vezes a Igreja não sabe lidar com essa realidade. São os que se dizem “católicos não praticantes”. Estes formam o estoque dos futuros ex-católicos. Como dizia D. Eugênio Sales: “O problema da Igreja não são os evangélicos, mas sim os falsos católicos”.
 Embora os processos históricos muitas vezes tornem-se arrebatadores e incontornáveis, na visão da hierarquia, a Igreja Católica no Brasil tem se preocupado com o êxodo dos seus fieis. Aperfeiçoa a formação dos sacerdotes, enriquece e alegra os ritos, prioriza a caridade, e o que não se pode providenciar humanamente, a Providência Divina assume. Não obstante, essas atitudes não são suficientes para conter o êxodo católico. O “estrago” será tão grande nas hostes católicas que só no distante futuro poder-se-á avaliá-lo - como aconteceu na percepção histórica da reforma luterana, no século XVI.
O monopólio católico de 500 anos está se desmilinguindo e sendo criada, a partir daí, uma nova força política religiosa contrária às tradições católicas. Resultado desse processo, que não é mais embrionário, pode ser observado nas Minas Gerais, de tradição católica. A principal avenida de entrada de Belo Horizonte, Nossa Senhora do Carmo, passou a se chamar Senhora do Carmo. De notar, também, que a Igreja Assembleia de Deus projeta eleger, este ano, 5.600 vereadores em todo o país, além de investir pesadamente em compra de redes de Rádio e TV (Folha de São Paulo, 22/7). Interessante observar que nessa Igreja, até a década de 90, ver televisão e ouvir rádio era considerado pecado. Mudaram a doutrina para não perder o “boom” do crescimento. Quem viver, verá!
Mortos, levantai-vos!, preconizava Dom Sebastião Leme em Olinda no início do século XX quando da parcimônia dos católicos frente ao seu isolamento na República nascente. Hoje, poderíamos repetir o discurso. Levantai-vos para conhecer a Igreja; para integrar-se na comunhão dos santos, de que a Igreja é portadora; não vos constrangeis frente a essa tempestade de ofertas de discursos religiosos eloquentes.
Somos testemunhas de milhares de servidores consagrados, bispos, padres, freiras, leigos que se desgastam em vida, como vela no altar, em prol do outro e da Igreja. Se faltam pastores ou estão assoberbados de trabalho, atendamos o apelo bíblico; “sede-vos mesmos”, líderes para evangelizar. Se somos filhos de uma Igreja que é a genitora de todas as outras, porque estaríamos equivocados? Por acaso, colhe-se maçãs de laranjeiras?
No livro “Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental” central de qualquer civilização. Ao longo de dois mil anos, a maneira de o homem ocidental pensar sobre Deus deve-se sem a menor dúvida à Igreja Católica.
Quando perguntaram a G.K Chesterton, escritor inglês, ex-anglicano, porque é que entrou para a Igreja Romana, ele respondeu: Para me libertar dos meus pecados, porque não há outro sistema religioso que ensina as pessoas (se o professam realmente) a libertarem-se dos seus pecados. (Autobiografia, p.280).
O testemunho de Marco Monteiro Grillo, ex-luterano e agora católico convicto: Se uma igreja que remonta a Cristo e aos apóstolos, em que o subjetivismo simplesmente não existe, e onde uma autoridade visível (o magistério) sempre foi e será responsável pela salvaguarda da fé, essa Igreja só pode ser a Igreja Católica Apostólica Romana, essa Igreja que não está sujeita às intempéries da história, nem aos modismos de cada época, nem aos gostos dos fregueses.
 Se no futuro os católicos, mesmo sendo 20% da população, forem comprometidos com Cristo e a Igreja dEle, éticos na vida social e em todos os demais sentidos, a Igreja, que são todos, já terá cumprido a sua missão. Os exemplos atraem.
Luiz Eduardo Cantarelli é jornalista – pós-graduado em Ciência da Religião.
 Belo Horizonte – Minas Gerais