sábado, 31 de agosto de 2013

As principais causas de nulidade de um casamento

Se o casamento for inválido, a autoridade eclesiástica, vale dizer, a justiça canônica poderá declarar a nulidade

Por Edson Sampel

SãO PAULO, 04 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Neste momento, gostaria de apresentar ao leitor um resumo de todas as principais causas de nulidade.

Sabemos que, por princípio, o casamento é indissolúvel (cf. Mc 10, 1-12). Sendo assim, nenhum poder humano, nem a Igreja, nem o papa, podem anular um matrimônio válido. Friso o adjetivo válido. Com efeito, se o casamento for inválido, a autoridade eclesiástica, vale dizer, a justiça canônica poderá declarar a nulidade.

Eis as causas mais comuns de nulidade de um casamento celebrado na Igreja:

1) Exclusão do bem da prole: um dos nubentes, ou ambos, não querem ter filhos.

2) Exclusão do bem da fidelidade: não se admite a exclusividade de um único parceiro sexual.

3) Exclusão total do matrimônio: não se deseja o casamento em si; quer-se apenas uma aparência de casamento, para que se possa atingir outro objetivo, como, por exemplo, o status social próspero.

4) Exclusão da indissolubilidade: os parceiros, ou um deles, se casam, mas admitem a possibilidade de separação e rompimento do vínculo, se o casamento não der certo.

5) Erro de qualidade direta e principalmente desejada: exemplo: o fato de a parceira ser uma exímia costureira é tudo para o nubente; casa-se com ela, visando à referida qualidade. Se esta qualidade não se implementa, o casamento é nulo.

6) Violência ou medo: alguém constrange a outra pessoa a convolar o casamento, ou, então, surge o denominado temor reverencial (respeito excessivo pela vontade dos pais; ex.: uma gravidez inesperada faz com que o pai moralmente obrigue a filha a se casar, para não ficar desonrada).

7) Falta de discrição de juízo: os cônjuges, ou um deles, não dispõem da maturidade mínima necessária para assumirem e porem em prática os encargos do matrimônio.

8) Falta de forma canônica: não houve o devido respeito ao rito estabelecido pela Igreja na celebração do casamento. Ex.: o padre não solicitou a manifestação de vontade dos noivos.

Não nos esqueçamos de que as anomalias ou vícios acima mencionados têm de estar presentes no exato momento em que ocorre o casamento, isto é, na celebração, diante da testemunha qualificada (geralmente um padre). Esta circunstância será adequadamente aferida num processo judicial eclesiástico.

Todo católico tem o direito líquido e certo de recorrer a um tribunal eclesiástico, mesmo que seja apenas para espancar dúvidas. Portanto, se você, querido leitor, percebeu que houve algum problema sério no seu primeiro casamento, procure o tribunal eclesiástico da sua região. Com certeza, você será muito bem atendido.

Para o casamento católico, a vontade é preponderante. Os noivos são os ministros do sacramento do matrimônio. Desta feita, se houver alguma deturpação do consentimento, máxime pelos oito motivos declinados neste artigo, o casamento é inválido.

Gostaria, também, de ressaltar que hoje em dia, infelizmente, as pessoas se casam totalmente despreparadas, do ponto de vista da maturidade e, muita vez, da afetividade. Por conseguinte, há bastantes sentenças que declaram a nulidade com embasamento no cânon 1095, n.º 2, ou seja, imaturidade grave de um ou dos dois cônjuges. Trata-se de pessoas que, embora queiram, não conseguem, não são capazes de viver a dois, de conviver sob o mesmo teto. Neste cânon igualmente se encaixa o casamento em virtude da gravidez. Os que querem resolver o problema da gravidez com o casamento nem sempre estão devidamente preparados para a vida a dois. O matrimônio não pode funcionar como tábua de salvação para a gravidez indesejada. Esta ocorrência é muito frequente nos processos canônicos.

O importante é que num tribunal eclesiástico, você abra seu coração. Sinta-se como se estivesse diante de um confessor. Os processos canônicos deste tipo correm em segredo de justiça. É igualmente oportuno levar ao tribunal, depois de iniciado o processo, testemunhas que viram cenas pertinentes ao pedido de nulidade, ou ouviram confidências, reclamações etc. Este material todo será idoneamente analisado pelos juízes eclesiásticos, de maneira séria e justa.


Edson Luiz Sampel é Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano e autor do livro “Quando é possível declarar a nulidade de um matrimônio?” (Editora Paulus).

Fonte: ZENIT

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Jovens, "nadem contra a corrente", "sejam corajosos", "façam barulho"!

Na audiência de hoje, no Vaticano, com 500 peregrinos de Piacenza, em Roma para o Ano da Fé, o Papa Francisco exortou os jovens a "construir um futuro de beleza, bondade e verdade"
Por Salvatore Cernuzio

ROMA, 28 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Para o Papa Francisco a audiência desta tarde na Basílica Vaticana com 500 jovens da diocese de Piacenza-Bobbio, em uma peregrinação a Roma para o Ano da Fé, não foi um só um compromisso a mais na sua agenda papal. Pelo contrário, foi um momento de diversão e alegria, porque ele disse claramente: "Eu gosto de estar com os jovens".

Ele gosta - explicou - porque os jovens têm em seus corações “uma promessa de esperança” são "artífices do futuro", "buscadores da beleza” e “profetas de bondade” e é bom estar com quem tem nas mãos a capacidade de construir um mundo melhor.

A reunião foi "organizada" pelo bispo de Piacenza, Mons. Gianni Ambrosio, que, acompanhando os jovens a Roma nos lugares da fé, pediu ao Santo Padre para concluir esta bela experiência com uma audiência privada com os peregrinos. E o Papa, como sempre, não deu desculpas, pelo contrário, disse: “faço-o com prazer”.

"Obrigado por esta visita – disse na abertura do seu discurso improvisado -. O bispo falou que fiz um grande gesto ao vir aqui, mas o fiz com ‘egoísmo’, sabem por quê? Porque gosto de estar com vocês”.

E acrescentou: "Quando me dizem: mas, padre, que tempos ruins, estes... Olha, não é possível fazer nada! Como não é possível fazer nada? E explico que muita coisa pode ser feito!”. Mas quando - continuou ele - "um jovem me diz: Que maus tempos, estes, padre, não podemos fazer nada!, eu o mando falar com um psiquiatra, hein?”, porque “não dá para entender um jovem, um rapaz, uma moça, que não queiram fazer algo grande, apostar em grandes ideais para o futuro, não? Depois, farão o que puderem, mas a aposta é por coisas grandes e bonitas”.

No coração de cada jovem há “três desejos”, disse o Papa Bergoglio. A vontade da beleza: “Vocês gostam da beleza, são buscadores de beleza”. A vontade da bondade: “vocês são profetas da bondade. Vocês gostam de ser bons e esta bondade é contagiosa, ajuda todos os outros...”. Finalmente, a vontade, mais ainda, a “sede” de verdade. Estão enganados aqueles que acreditam ter a verdade, advertiu o Papa, "porque não se tem a verdade, não a trazemos”, mas “se encontra”, é “um encontro com a verdade que é Deus, mas é preciso buscá-la”.

Papa Francisco, portanto, incentivou os jovens a levar adiante esses três desejos, a fim de construir um "futuro com a beleza, com a bondade e com a Verdade”. Para o Bispo de Roma este é um verdadeiro e real “desafio”, por isso as novas gerações devem ser sempre ativas e positivas, porque “se um jovem é preguiçoso ou é triste então aquela beleza não será beleza, aquela bondade não será bondade e aquela verdade não será tal”.

"Apostar em um grande ideal, e o ideal de fazer um mundo de bondade, beleza e verdade - é a exortação do Papa - isso, vocês tem o poder de fazê-lo". Então dirigiu aos presentes o mesmo incentivo dado aos jovens argentinos participantes na JMJ: "Coragem. Vão em frente. Façam barulho, hein? Onde há jovens deve haver ruído. Depois, as coisas se ajeitam, mas o entusiasmo de um jovem deve fazer barulho sempre”.

"Vão em frente - insistiu o Papa - e acima de tudo sempre na vida existirão pessoas que vos farão propostas para freiar, para bloquear seu caminho. Por favor, nadem contra corrente. Sejam corajosos, corajosos. Dizem para vocês: Mas, toma um pouco de álcool, toma um pouco de droga... Não! Vocês devem ir na contramão dessa civilização que nos está fazendo tanto mal”.

"Entenderam isso? - concluiu Bergoglio - ir contra a corrente e isso significa fazer barulho. Ir em frente, mas com os valores da beleza, da bondade e da verdade”.

Em conclusão, o Papa desejou aos jovens peregrinos “todo o bem, um bom trabalho, alegria no coração”; depois rezou junto com eles à Nossa Senhora que “é a Mãe da beleza, a Mãe da bondade e a Mãe da Verdade”, para que “nos dê a graça da coragem para seguir em frente e ir contra a corrente”.

Depois da Ave Maria, finalmente, o pedido de sempre:. "Orem por mim, porque este trabalho é duro". Entre os aplausos e em um clima de grande entusiasmo, Francisco cumprimentou todos os meninos e meninas presentes. Saindo, se deu conta de que faltavam outras pessoas para cumprimentar e voltou atrás para não deixar ninguém ir para casa sem o abraço do sucessor de Pedro.


Traduzido do original italiano por Thácio Siqueira

Fonte: ZENIT

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A Teologia da Libertação não era necessária para pregar o evangelho aos pobres

Professor Carriquiry, no Meeting de Rímini: É diabólico insistir numa descontinuidade entre Bento XVI e Francisco
Por Sergio Mora

ROMA, 22 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Após a palestra do padre José Maria “Pepe” Di Paola, sobre o trabalho de integração da população marginalizada que lhe rendeu ameaças de morte por combater as drogas na favela Villa 21, de Buenos Aires, o Meeting de Rímini para a Amizade entre os Povos passou a palavra ao professor Guzmán Carriquiry, durante a conferência sobre a encíclica Lumen Fidei.

O secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina afirmou que “quando ouvimos o padre ‘Pepe’ falar da sua experiência nas favelas de Buenos Aires, é como se víssemos o bispo Jorge Mário Bergoglio quando compartilhava o pão com os pobres, junto com seus sacerdotes, naquelas mesmas favelas”.

“No fundo”, disse o professor uruguaio, “é a mesma imagem que nós vimos quando ele lavou os pés dos menores no centro para menores infratores; quando ele visitou Lampedusa, a favela de Varginha, o hospital para dependentes químicos no Rio de Janeiro...”. E enfatizou: “Não precisa de uma teologia da libertação para isso. É suficiente o evangelho vivido, o abraço da caridade, o testemunho comovido de si mesmo”.

Sobre a encíclica Lumen Fidei, depois de elogiar o trabalho dos pontífices vindos de contextos tão diferentes, com sensibilidades e estilos diversos, Carriquiry avaliou como “obra do demônio, príncipe da mentira e da divisão, esse esforço obsessivo em querer confrontar o bispo emérito de Roma e o seu sucessor”.

“Isso vale tanto para o desmedido apego nostálgico ao papa anterior, que vira uma ‘nostalgia canalha’ quando se degenera em julgamentos farisaicos sobre o papa atual, quanto para os elogios ao papa atual feitos para denegrir os predecessores”.

O palestrante recordou ainda: “Apesar de que as favelas cresceram muito nas últimas décadas, Buenos Aires é certamente muito mais do que isso”. E complementa: “É uma enorme cidade cosmopolita, onde há raízes católicas populares, mas que também é marcada por todas as realidades, estímulos e chagas da cultura global”, onde existe um “norte e um sul” que apresentam “grandes desafios pastorais”.

O secretário do Pontifício Conselho recordou também as palavras do papa Bento XVI no voo de São Paulo a Aparecida, quando disse: “Tenho certeza, pelo menos em parte, que aqui se decide o futuro da Igreja católica. Para mim, isto sempre foi evidente”.

Sobre a situação atual da Igreja, Carriquiry comentou que “era preciso libertar a fé das incrustações mundanas, para torná-la novamente atraente”. E, citando um autor italiano, prosseguiu: “Os predecessores começaram, sem dúvida, um progressivo desmantelamento desse aspecto realmente pesado da cúria. João Paulo II preferia andar pelas ruas do mundo a ficar no Vaticano. E Bento XVI disparou raios contra o carreirismo, o clericalismo, a mundanidade, a divisão, as ambições de poder e a sujeira na Igreja. Agora, Francisco realiza o que o seu predecessor pediu tantas vezes... E muito mais. Tudo isso faz parte da ‘revolução evangélica’, que marca uma profunda mudança do próprio modo de ser papa”.


Carriquiry finalizou propondo que a encíclica Lumen Fidei seja lida à luz do pontificado do papa Francisco, das “joias” das suas homilias cotidianas, da sua catequese e do “ato de sair como missionário” para compartilhar a luz da fé “ad gentes”.

Fonte: ZENIT

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

GRANDE TESTEMUNHO DE FÉ EM DIAS ATUAIS.

Maximiliano Maria Kolbe nasceu no dia 8 de janeiro de 1894, na Polônia, e foi batizado com o nome de Raimundo. Sua família era pobre, de humildes operários, mas muito rica de religiosidade. Ingressou no Seminário franciscano da Ordem dos Frades Menores Conventuais aos treze anos de idade, logo demonstrando sua verdadeira vocação religiosa.

No colégio, foi um estudante brilhante e atuante. Na época, manifestou seu zelo e amor a Maria fundando o apostolado mariano “Milícia da Imaculada”. Concluiu os estudos em Roma, onde foi ordenado sacerdote, em 1918, e tomou o nome de Maximiliano Maria. Retornando para sua pátria, lecionou no Seminário franciscano de Cracóvia.

O carisma do apostolado de padre Kolbe foi marcado pelo amor infinito a Maria e pela palavra: imprensa e falada. A partir de 1922, com poucos recursos financeiros, instalou uma tipografia católica, onde editou uma revista mariana, um diário semanal, uma revista mariana infantil e uma revista em latim para sacerdotes. Os números das tiragens dessas edições eram surpreendentes. Mas ele precisava de algo mais, por isso instalou uma emissora de rádio católica. Chegou a estender suas atividades apostólicas até o Japão. O seu objetivo era conquistar o mundo inteiro para Cristo por meio de Maria Imaculada.


Mas teve de voltar para a Polônia e cuidar da direção do seminário e da formação dos novos religiosos quando a Segunda Guerra Mundial estava começando. Em 1939, as tropas nazistas tomaram a Polônia. Padre Kolbe foi preso duas vezes. A última e definitiva foi em fevereiro de 1941, quando foi enviado para o campo de concentração de Auschwitz.


Em agosto de 1941, quando um prisioneiro fugiu do campo, como punição foram sorteados e condenados à morte outros dez prisioneiros. Um deles, Francisco Gajowniczek, começou a chorar e, em alta voz, declarou que tinha mulher e filhos. Padre Kolbe, o prisioneiro n. 16.670, solicitou ao comandante para ir em seu lugar e ele concordou.

Todos os dez, despidos, ficaram numa pequena, úmida e escura cela dos subterrâneos, para morrer de fome e sede. Depois de duas semanas, sobreviviam ainda três com padre Kolbe. Então, foram mortos com uma injeção venenosa, para desocupar o lugar. Era o dia 14 de agosto de 1941.

Foi beatificado em 1971 e canonizado pelo papa João Paulo II em 1982. O dia 14 de agosto foi incluído no calendário litúrgico da Igreja para celebrar são Maximiliano Maria Kolbe, a quem o papa chamou de “padroeiro do nosso difícil século XX”. Na cerimônia de canonização estava presente o sobrevivente Francisco Gajowniczek, dando testemunho do heroísmo daquele que se ofereceu para morrer no seu lugar.


Admiro o testemunho de fé de São Maximiliano, pois deu a sua vida em favor do irmão. Sou devoto deste grande Santo dos nosso dias.
São Maximiliano! Rogai por nós!
Pe. Émerson

Planejamento estratégico para a vida familiar

A preocupação com a vida profissional parece não ter fim. A preparação para a família parece estar em extinção.
Por André Parreira
                                  
SãO PAULO, 09 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - De um lado, a preparação para a vida profissional se torna cada vez mais intensa e se inicia cada vez mais cedo. Novas tecnologias são amplamente utilizadas nas escolas onde, aliás, as crianças ingressam cada vez mais cedo. Os governos intensificam suas iniciativas para antecipar e ampliar a formação escolar. Muitos pais, por sua vez, veem o cenário com alívio por realmente precisarem de um local para seus filhos enquanto necessitam permanecerem fora de casa durante todo o dia.

Às vezes, investem também o tempo de descanso, como a noite e o final de semana, em cursos para aprimoramento profissional. Parece que nossa sociedade tudo aceita em nome do sucesso profissional.

De outro lado, a preparação para a vida familiar se torna quase inexistente quando comparada à profissional. Que famílias ainda ensinam seus filhos a cuidarem de um lar? Cozinhar? Lavar? Passar? Ou mostram a eles, pelo próprio exemplo, que a vida em família é maravilhosa? Você percebe, em seu círculo de amizades, pais conversando com filho sobre busca da santidade pelo matrimônio?

Se comparamos a estrutura desta preparação com aquela voltada à vida profissional, poderíamos também perguntar quantos jovens, namorados ou simplesmente dispostos a conhecerem-se melhor, frequentariam cursos que tratassem de temas como amor, doação, diferenças comportamentais entres os sexos, educação de filhos, vida financeira e tantos outros temas da vida familiar? Vemos isso refletido nos casamentos contemporâneos. O Papa Francisco, no voo de retorno ao Vaticano após a JMJ, expressou sua preocupação com a Pastoral do Matrimônio ao comentar que o cardeal Guarantino disse ao seu antecessor, Bento XVI,  que a metade dos matrimônios é nula. Isso significa que não ocorreram de fato pela existência de algum impedimento, como cita Francisco: "Porque as pessoas se casam sem maturidade ou porque socialmente devem se casar."

Enquanto na vida profissional muitos buscam a formação continuada, questiono quantas famílias fazem o mesmo para melhorarem sua estrutura familiar. Quantos pais abririam mão de seu confortável comodismo para fazerem uma pós-graduação em "convívio familiar" ou um MBA em "catequese dos filhos"?

A qualificação dos profissionais é percebida pelos crescentes resultados das empresas que definem onde e como chegar. Elas fazem isso através de um claro planejamento estratégico. As famílias também precisam ter seus planejamentos estratégicos e buscarem o cumprimento de metas. Só que, para nós, nossa grande meta deveria ser chegar o mais próximo possível da santidade e as estratégias deveriam passar pelo matrimônio e educação dos filhos, sem esquecer do combustível para tudo isso: a vida de oração.

Mas o grande desequilíbrio de estratégias está em colocar toda a nossa energia nas estratégias imediatas (profissão, bens, títulos...) e tirar os olhos das estratégias de longo prazo, ou de prazo eterno! Na medida em que os ataques ao matrimônio e família crescem, precisamos investir mais tempo nas estratégias do Céu e buscar a vida verdadeira. Uma das estratégias nessa direção é aprofundar a formação dos noivos para que possam reconhecer a real dimensão do matrimônio. Isso pode ser feito por diversas iniciativas, mas tem sua tônica nos grupos de formação pré-matrimonial que precisam existir em todas as paróquias. Para estruturar estas equipes, a Igreja nos indica um corpo mínimo de conteúdos a serem trabalhados e, conforme revelou Francisco, "estamos a caminho de uma pastoral matrimonial mais profunda".

Por isso e muito mais, a Igreja já proclamava com João Paulo II (FC66) que "A preparação dos jovens para o matrimônio e para a vida familiar é necessária hoje mais do que nunca".  Assim, em sintonia com o Papa, todos nós, casados, solteiros e consagrados podemos (e devemos) aprofundar um pouco mais nos principais temas de formação de noivos e trabalhar no planejamento estratégico da família, através desta partilha.

Paz e bem!

O Livro "Preparação para o Matrimônio - Curso Básico para Agentes" pode ser encontrado no site: http://compracatolica.com.br/shop/preparacao-para-o-matrimonio

André Parreira (alparreira@gmail.com), da diocese de São João del-Rei-MG, é autor de livros sobre a preparação para o matrimônio e responsável no Brasil pelo DVD "Sim, Aceito!", lançado em parceria com a Pastoral Familiar da CNBB. Empresário, casado e pai de 6 filhos, colabora na formação de jovens e casais.

Fonte: ZENIT

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

UM DEUS QUE NOS AMA!

Caros irmãos (a), a Igreja nos convida a compreendermos os sofrimentos humanos não como um castigo, ou com uma visão pessimista, sobre o caminhar humano nos caminhos da história. No livro de Jó (7,1-4) percebemos não um grito de revolta, mas uma oração de clamor ao Deus que tudo pode, pois para Jó o sentido da sua vida está no Senhor seu Deus. Desta forma o Sl 146 nos convida a louvar a Deus, pois Ele é bom e conforta os corações.

            Só podemos compreender este cuidado de Deus para conosco olhando para o mistério da Salvação, que se dá desde o início da criação, mas sobre tudo com a vinda de Jesus entre nós. No Evangelho (Mc 1,29-39) Jesus é aquele que devolve a saúde do corpo e da alma. No entanto não podemos ser mesquinhos o bastante e procurarmos o Senhor só porque pode nos devolver a saúde do corpo. Precisamos compreender que o sofrimento é comum à vida humana, não que gostemos de sofrer, mas que nem sempre o que pedimos, ou queremos é vontade de Deus. Precisamos enxergar o Senhor como aquele que está sempre conosco, cuidando de nós, no entanto cabe a cada um de nós a nossa resposta de amor com Ele.

            Em nossos dias, vemos cada vez mais crescer o número de grupos de “cristãos que fazem da proposta de Jesus uma simples promessa de cura ou até mesmo como aquele que pode nos suprir-nos estritamente material, com promessas de enriquecimento rápido. Ora, que o Senhor pode nos curar e nos cobrir de bênçãos isso não está em questão, o que se pergunta, é justamente se vamos em busca Dele exclusivamente para isso.

            Como filhos que somos o Senhor nos ama desde o nosso nascimento, na verdade já bem antes estamos no pensamento de Deus. Por isso, não podemos jamais desconfiar do seu amor e da sua misericórdia. Busquemos o Senhor sabendo que Ele é nosso Deus, que nunca nos esquece, e que sempre está conosco.

Pe. José Émerson.                                                                                 


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Papa Francisco deixou marcas profundas na sua passagem no Rio de Janeiro

Cardeal Odilo Pedro Scherer comenta a visita do Pontífice
SãO PAULO, 06 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Em nota publicada em O São Paulo, edição de 31 de julho, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, comentou sobre “as marcas profundas” deixadas pelo papa Francisco na sua passagem no Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Dom Odilo resumiu a visita do Papa em três pontos: Os jovens, os pobres e a Igreja.

O cardeal destacou que o Papa dirigiu-se aos jovens com uma “linguagem direta e fácil, buscando e conseguindo a atenção deles de maneira extraordinária” . “E os jovens corresponderam com entusiasmo, enchendo as ruas do Rio e a orla de Copacabana de alegria e fé. Espetáculo bonito de se ver! Tantos jovens serenos e sedentos de Deus mostraram que a mensagem da Igreja continua, sim, a lhes interessar, e a Igreja tem algo importante para lhes dizer”.

Lembrou a exortação do Papa aos jovens para serem “protagonistas das mudanças sociais e construtores de um mundo melhor para todos; a não se contentarem em ser cristãos “de sacada”, mas a descerem para o meio das realidades, para se envolver e comprometer”.

Chamou a atenção para a palavra solidariedade, uma das palavras mais usadas pelo Papa Francisco “que foi ao encontro das situações de exclusão e sofrimento e teve atitudes e palavras de solidariedade e carinho para com os pobres e os que sofrem”.

Sobre a Igreja Dom Odilo citou que nos encontros com os bispos do Brasil e com os diversos responsáveis pelo departamentos do Conselho Episcopal Latino-Americano, na Missa celebrada com os bispos e padres na catedral do Rio, o Papa recomendou, “com palavras claras e incisivas, que se volte para “as periferias”, as muitas periferias em que vive o homem de hoje”.


O Papa Francisco “deu belos exemplos sobre como a Igreja pode ser próxima das pessoas e missionária e como dirigir-se com franqueza, simplicidade e solicitude amorosa a todas as pessoas” – conclui a nota-.

Fonte: ZENIT

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O QUE SERIA AMAR, OU AINDA SERÁ?

Hoje se fala muito em amor. Nunca se conjugou tanto este verbo como em nossos dias. Eu amo! Tu amas? Nós devemos amar!
O que realmente é o amor? Só se poderá saber o que é o amor amando. Hoje na boca dos jovens a palavra amor ecoa como algo tão comum e volátil, existe amor de todas as formas, jeitos e até mesmo, pasmem, aquele amor que passa.
            Se pesquisarmos a palavra para designarmos este sentimento de afeto pelo outro na língua portuguesa, desagua necessariamente na palavra amor. O contrário do que acontece na língua grega, que existem três palavras para se falar em amor amizade, amor erótico e de doação. Aqui não me proponho a dar uma aula de linguística, mas pretendo refletir sobre este sentimento tão belo e ao mesmo tempo tão exigente chamado amor.
Em sua primeira carta São João designa Deus como Amor (Jo 4,7). Ora, se Deus é amor, o amor é eterno. Desta forma não se pode amar e pronto. Pois se amor tem um fim em si mesmo ou até mesmo se completa, Deus não é amor. O amor é justamente esta possibilidade sem fim de doação sempre. Quando Deus quer provar este amor pela humanidade nos envia o seu o próprio Filho Jesus e este dá a vida por todos nós. A sua entrega é de total amor e o seu amor exige Dele um sofrimento sem limites, até gastar todas as suas forças e derramar o seu sangue precioso por toda a humanidade, eu disse “toda”.
Então me pergunto o porquê de tanta gente acreditar em um amor mágico que tem tempo de validade, como se fosse algo que acontece e acaba de uma hora para outra. Hoje há um discurso da realização pessoal, às vezes até exagerado, que no fim das contas desemboca num eucentrismo, que em nome desta realização egocêntrica faz lembrar-se de si e esquecer-se do outro, que muitas vezes colocou todas as suas expectativas num juramento de amor que era mesmo uma paixão de momento ou até mesmo uma afeição pelo exterior, à beleza aparente.
É em nome deste eucentrismo que se fala tanto em realização pessoal, mas é também em nome deste Eu que muitas vezes o convívio social tem quase se transformado impossível. Pois, seu eu me torno o centro das coisas, tudo começa a estar ao meu serviço, ao meu bel prazer. É justamente o que estamos assistindo no mundo em que vivemos. Eu decido e o outro que se vire. Vejamos, a rua me pertence, jogo lixo, pois eu sou livre. O corpo me pertence, por isso posso abortar. A rua é minha, ligo o som do meu carro e os outros que escutem o que eu desejo ouvir.
Não há amor sem sofrimento e doação. Aqui não trato de fazer apologia ao masoquismo, um discurso de que é bom sofrer. Mas quem ama verdadeiramente respeita o outro, as diferenças e olha para a pessoa como ela é, e primeiro ama para depois propor um diálogo que possibilite entender o outro como ele e ela são verdadeiramente. Não se entende um cristão que tem o dever de amar, quando muitas vezes só julga. É preciso ter a atitude de Jesus que senta com a prostituta pega em fragrante adultério e ama primeiro para depois lhe propor uma mudança de vida. É certo que o Senhor entra no seu mundo, sofre com ela a dor do abandono, a angústia de ter sido usada e descartada por aqueles que queriam a apedrejar.
Não se ama cobrando amor. Quem ama, ama desinteressadamente. Assim, quem ajuda deve fazê-lo também desta forma, pois o que é mais importante é a pessoa na sua integralidade e não um gesto que muitas vezes a faz sofrer. Só precisa ouvir de nós: ninguém te condenou, eu também não te condeno, vai e não peques mais!
 Fiel no pouco.
Pe. José Émerson.