ANTROPOLOGIA
FILOSÓFICA
A
antiga cultura grega coloca uma imagem de homem complexa para a cultura
ocidental, tal imagem traz presente o tema do destino que se coloca como um
elo, de ligação entre a visão antiga e a visão clássica de homem. Nesta cultura
o homem é capaz de entra em contato com os outros e criar a comunidade
política.
Para Platão na sua concepção
dualista, o corpo humano é o cárcere da alma, e esta preexiste e é sorteada
para escolher as vidas possíveis, elegem melhores ou piores, encarnando-se, em virtude
de uma culpa original, recebendo no final um premio ou um castigo a ser
cumprido, devendo buscar essa purificação pela a via do conhecimento do Bem
Supremo, sendo a imortalidade da alma seu destino final, e eterno.
A
antropologia platônica coloca o homem em relação com o divino que se sobrepõe a
todos. Para ele a natureza do homem é racional, e é justamente na razão que o
homem realiza sua humanidade. Tal natureza racional do homem encontra no corpo
não um instrumento, e sim um obstáculo. Um dualismo filosófico religioso de
alma e corpo, encontrando no intelecto um obstáculo, no sentido à vontade, no
impulso. Desta forma o homem se liberta se desprendendo deste mundo.
Com o passar do tempo, o
neoplatonismo vai ser o referencial do pensamento ocidental no que diz respeito
ao dualismo subjetivo, ou seja, a alma sensível, inteligível correspondendo ao
dualismo objetivo, tempo e eternidade.
No que diz respeito à concepção do
homem cristão medieval se apresentam as fontes filosóficas grega, tradição bíblica
e vétero testamentária. A patrística vai colocar todo o seu desenvolvimento a
luz do mistério da encarnação, com o tema de Santo Irineu da imagem e
semelhança, este mistério se dá em nível concreto como arquétipo histórico.
Para Agostinho o homem é um ser
itinerante, dentro desta visão antropológica. Sendo a sua influência
predominante no séc. XII no campo filosófico e teológico.
A pessoa humana como a imagem da
Santíssima Trindade, se conhece e se ama, ou seja memória, razão e vontade. O
problema da filosofia já não é mais o cosmo, é o homem, considerado
individualmente, o eu que se conforma ou se confronta com a vontade divina.
A liberdade para Agostinho é a
autodeterminação racional para o bem, que não é a ausência de vínculos ou
compromissos, mas escolhê-los racionalmente, ou a vida seria um nada fazer,
pois se deve optar por algum bem.
A vontade humana é livre e dar a ele
a liberdade de fazer o mal, sendo vontade de um ser limitado. Neste caso a
vontade não é má, pois é vontade de um ser limitado. Assim a vontade é má, não
sendo causa eficiente mais deficiente de uma ação viciosa, visto que o mal não
tem realidade metafísica. O pecado tem em si mesmo apena de sua desordem, desta
forma não pode a criatura lesar a Deus, logo prejudica a si mesmo, destruindo a
sua natureza.
A grande problemática histórica é o
mal, Agostinho resolve, colocando os dogmas do pecado original e da redenção
pela a cruz, desta forma da resposta através da teologia. O grande autor vai
tratar este assunto na cidade de Deus.
Enquanto o pensamento clássico
resolve o problema metafísico teológico dualisticamente e o pensamento cristão
teisticamente, o pensamento moderno de forma imanente. Há uma lógica no
desenvolvimento do dualismo clássico ao teísmo cristão, não havendo o mesmo com
relação ao teísmo cristão ao imanentismo moderno. Sendo representado pela a ciência, à história
e suas técnicas o pensamento moderno, estas são harmonizáveis e justificáveis
com a metafísica tradicional.
O berço do humanismo e do renascença
foi a Itália e depois se propaga na Europa. Nas grandes nações europeias o
humanismo é o renascimento tem seu interesse principalmente pelos problemas
religiosos.
A renascença quer ser um retorno à
concepção clássica, humanista e pagã do mundo e da vida. É a afirmação da
prática e da moral do imanentismo moderno. Desta forma fica visto que entre o
humanismo clássico e o humanismo moderno se coloca a mensagem cristã, no que
diz respeito à transcendência e ascética. A afirmação renascentista de
humanismo moderno é confusa com elementos tradicionais, fazendo-se necessário
separa-las. Não há ao lado do renascimento pagão um renascimento cristão, como
movimento especulativo. O que há na verdade são homens pagãos ao lado de homens
cristãos e elementos humanistas e naturalistas valorizáveis no cristianismo.
O humanismo renascentista em que se
rejeitam os valores medievais de uma sociedade teocêntrica, na busca da
liberdade e da independência que caracteriza o novo firmamento cultural de uma
sociedade antropocêntrica, desemboca num iluminismo revolucionário, que
colocará fim a Idade Moderna, sem diferenciar-se dos pressupostos ideológicos.
A dignidade da pessoa humana como
tema aparece na renascença como a reiteração consciente que vem de um tema de
Sófocles e da Sofística grega tornando-se comum na literatura antiga. É uma
exaltação da dignidade e da respostas, as exigências das novas sensibilidades em face ao homem e
de suas obras, seus traços mais característicos do humanismo. Neste sentido há
uma diferença entre a dignidade do homem na literatura antiga e nos da
renascença. No primeiro caso é a atividade de contemplação atestando a grandeza
do homem e sua dignidade. Já no segundo é o agir a capacidade de transformação
do seu mundo que passa a ser indício incontestável da superioridade do homem.
Para Spinoza o homem não é uma
substância corpórea, nem espiritual, é um complexo de fenômenos, de modos
psicofísicos que vem de uma substância única. A alma é chamada por esse
complexo dos modos psíquicos, que é dotado de várias atividades teoréticas,
prática. Desdobra-se cada uma em graus sensíveis e racionais que rigorosamente
se correspondem. O conhecimento sensível é subjetivo, é fenômeno. O
conhecimento racional é distinto em dois graus, o universal abstrato, e o concreto
intuitivo, por estes o homem atinge a substância divina. Desta forma o
conhecimento não se da em penetração do objeto por parte do sujeito, mas na
correspondência do sujeito e do objeto.
Caracterizada pelo rompimento com a
tradição anterior a filosofia modera, rompe com o mundo religioso, com a
iniciativa de Lutero, no que diz respeito a livre análise da Bíblia e
independência de qualquer forma de autoridade. Há também uma ruptura
filosófica, começando de forma mais radical com Descartes, que traz a vontade
de construir tudo através de novas bases.
Verifica-se que a partir da
filosofia moderna há uma degradação do pensamento, ou seja, o rompimento da
harmonia constitutiva da filosofia e suas partes, metafísica, ética,
psicologia, sociologia, física etc. Tal raiz está na nova postura adotada
diante do real, o imanentismo que começa como o racionalismo de Descartes indo
até Spinoza, Kant, desembocando no idealismo absoluto de Hegel. É a filosofia
em que a elucubração mental passa a ser o real. E o mundo exterior pequeno
reflexo do pensamento humano. Trata-se da independência da realidade, sendo
esta a mais radical independência.
Já na dimensão da historicidade
podemos perceber que antropologia de Rousseau se coloca ligada a experiência
humana, sendo neste sentido, existencial. De um lado colando o sentimento, o
coração como lugar deste, ou a consciência moral no centro da sua visão de
homem, por outro o coloca como genuíno racionalista, dando a seu pensamento um
rigor estrutural racionalista.
Tal rigor racional é colocado em
dois discursos, dando a um uma análise dos males e da corrupção da sociedade e
do indivíduo como fruto da cultura. No outro discurso falando sobre a origem da
desigualdade, aprofunda e analisa como uma verdadeira antropologia histórica,
onde estuda os passos dados pela a humanidade evoluindo intelectualmente,
socialmente, economicamente e politicamente.
Sua antropologia se coloca como uma
filosofia da história inspirando-se nos pressupostos do conhecimento da
filosofia do direito natural tendo como ponto de partida a natureza humana ou o
homem no estado da natureza. Coloca a trajetória da historia humana em sua
reconstituição, conduz do estado a-história inicial à realidade histórica
observável da sociedade civil. Tal concepção antropológica coloca as perguntas
sobre o que levou o homem natural do estado de natureza ao estado de sociedade,
bem como o que levou ao estado de sociedade levar o homem a corrupção e a perda
da bondade inata. A antropologia de Rousseau está contramão da antropologia
clássica do tipo platônica e a antropologia medieval.
Em outra visão questão da liberdade
se coloca numa perspectiva do livre arbítrio, caracterizando-se pela a ausência
de constrangimento exterior na escolha dos bens contingentes pela a vontade, não
estando tanto na possibilidade de escolha entra o bem e mal, mas na escolha do
bem principalmente sem haver constrangimento físico para conquista-lo. Neste
sentido a liberdade consiste em escolhas concretas em vista do bem.
A filosofia
contemporânea vem concebendo o homem como um ser pluriversal vendo o homem como
aquele que dar vazão e abertura às várias regiões do ser que se oferecem ao seu
conhecimento e à sua ação.
Pe.
José Émerson.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
OS PRÉ-SOCRÁTICOS . Seleção de
texto e supervisão: Prof. José Cavalcante de Souza. C ol. Os Pensadores. São
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HEGEL, Georg Wilhelm
Friedrich. Estética: A ideia e o ideal;
Estética: O belo artístico ou o ideal. Coleção Os Pensadores, São Paulo: Nova
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