quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O QUE SERIA AMAR, OU AINDA SERÁ?

Hoje se fala muito em amor. Nunca se conjugou tanto este verbo como em nossos dias. Eu amo! Tu amas? Nós devemos amar!
O que realmente é o amor? Só se poderá saber o que é o amor amando. Hoje na boca dos jovens a palavra amor ecoa como algo tão comum e volátil, existe amor de todas as formas, jeitos e até mesmo, pasmem, aquele amor que passa.
            Se pesquisarmos a palavra para designarmos este sentimento de afeto pelo outro na língua portuguesa, desagua necessariamente na palavra amor. O contrário do que acontece na língua grega, que existem três palavras para se falar em amor amizade, amor erótico e de doação. Aqui não me proponho a dar uma aula de linguística, mas pretendo refletir sobre este sentimento tão belo e ao mesmo tempo tão exigente chamado amor.
Em sua primeira carta São João designa Deus como Amor (Jo 4,7). Ora, se Deus é amor, o amor é eterno. Desta forma não se pode amar e pronto. Pois se amor tem um fim em si mesmo ou até mesmo se completa, Deus não é amor. O amor é justamente esta possibilidade sem fim de doação sempre. Quando Deus quer provar este amor pela humanidade nos envia o seu o próprio Filho Jesus e este dá a vida por todos nós. A sua entrega é de total amor e o seu amor exige Dele um sofrimento sem limites, até gastar todas as suas forças e derramar o seu sangue precioso por toda a humanidade, eu disse “toda”.
Então me pergunto o porquê de tanta gente acreditar em um amor mágico que tem tempo de validade, como se fosse algo que acontece e acaba de uma hora para outra. Hoje há um discurso da realização pessoal, às vezes até exagerado, que no fim das contas desemboca num eucentrismo, que em nome desta realização egocêntrica faz lembrar-se de si e esquecer-se do outro, que muitas vezes colocou todas as suas expectativas num juramento de amor que era mesmo uma paixão de momento ou até mesmo uma afeição pelo exterior, à beleza aparente.
É em nome deste eucentrismo que se fala tanto em realização pessoal, mas é também em nome deste Eu que muitas vezes o convívio social tem quase se transformado impossível. Pois, seu eu me torno o centro das coisas, tudo começa a estar ao meu serviço, ao meu bel prazer. É justamente o que estamos assistindo no mundo em que vivemos. Eu decido e o outro que se vire. Vejamos, a rua me pertence, jogo lixo, pois eu sou livre. O corpo me pertence, por isso posso abortar. A rua é minha, ligo o som do meu carro e os outros que escutem o que eu desejo ouvir.
Não há amor sem sofrimento e doação. Aqui não trato de fazer apologia ao masoquismo, um discurso de que é bom sofrer. Mas quem ama verdadeiramente respeita o outro, as diferenças e olha para a pessoa como ela é, e primeiro ama para depois propor um diálogo que possibilite entender o outro como ele e ela são verdadeiramente. Não se entende um cristão que tem o dever de amar, quando muitas vezes só julga. É preciso ter a atitude de Jesus que senta com a prostituta pega em fragrante adultério e ama primeiro para depois lhe propor uma mudança de vida. É certo que o Senhor entra no seu mundo, sofre com ela a dor do abandono, a angústia de ter sido usada e descartada por aqueles que queriam a apedrejar.
Não se ama cobrando amor. Quem ama, ama desinteressadamente. Assim, quem ajuda deve fazê-lo também desta forma, pois o que é mais importante é a pessoa na sua integralidade e não um gesto que muitas vezes a faz sofrer. Só precisa ouvir de nós: ninguém te condenou, eu também não te condeno, vai e não peques mais!
 Fiel no pouco.
Pe. José Émerson.


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