A Igreja não deve ser "privatizada": temos que rezar pela
sua unidade
Audiência geral: papa
Francisco nos convida a superar as divisões entre as comunidades cristãs
Por Luca Marcolivio
ROMA, 25 de Setembro de 2013
(Zenit.org) - A Igreja Católica é verdadeiramente una. Com base neste conceito,
expresso pelo credo e pelo catecismo, o papa Francisco articulou a sua
catequese na audiência geral desta manhã, na Praça de São Pedro.
Embora a Igreja seja
composta por 3.000 dioceses espalhadas pelo mundo inteiro e por "muitas
línguas" e "muitas culturas", a sua unidade é uma grande
certeza. Referindo-se ao catecismo (nº 161), o Santo Padre recordou que "a
unidade na fé, na esperança, na caridade, a unidade nos sacramentos, no
ministério, é como os pilares que sustentam e mantêm unido o único grande
edifício da Igreja".
Mesmo "na menor
paróquia do canto mais distante da Terra, a Igreja é una", é "uma só
para todos". A Igreja é uma família cujos membros “podem estar dispersos
por todo mundo”, mas "fortes laços" os mantêm "firmes, seja qual
for a distância".
Um exemplo desses laços
universais foi a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro: "Naquela
vasta multidão de jovens na praia de Copacabana, ouviam-se falar muitas
línguas, viam-se traços muito diferentes uns dos outros, encontravam-se
culturas diversas, mas havia uma profunda unidade", recordou o papa.
Diante de uma situação como
esta, o católico pode viver plenamente a unidade ou ser indiferente, fechado em
si mesmo ou no seu "pequeno grupo": é a atitude daqueles que
"privatizam" a Igreja para o seu próprio grupo ou para os "seus
amigos".
Mesmo havendo no mundo
cristãos que estão sofrendo, ainda há quem fique indiferente. Deveria ser, porém,
"como se alguém da família estivesse sofrendo". Por isso, é
importante orar "pelos outros", "olhar para fora da própria
redoma, sentir-se Igreja, uma família de Deus".
Infelizmente, até mesmo
dentro da família eclesial surgem "incompreensões, conflitos, tensões,
divisões que a ferem. A Igreja não tem, assim, o rosto que gostaríamos, não
mostra o amor que Deus quer", disse o papa.
As "dilacerações"
no seio da Igreja são sempre obra do homem, e envolvem, por exemplo, as
divisões entre "católicos, protestantes, ortodoxos".
Essas incompreensões devem
ser superadas, porque "Deus nos dá a unidade", mesmo que
"achemos difícil vivê-la". É essencial viver a unidade da Igreja na
comunhão, "começando pela família, pelas realidades eclesiais, no diálogo
ecumênico", sugeriu o papa.
Francisco citou São Paulo:
"um só corpo, o de Cristo, que recebemos na Eucaristia; um só Espírito, o
Espírito Santo, que anima e recria continuamente a Igreja; uma só esperança, a
vida eterna; e uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos" (Ef
4-6).
Todo cristão deve perguntar
a si mesmo: "Eu faço crescer a unidade na família, na paróquia, na
comunidade? Ou sou motivo de divisão, de desconforto? [...] Eu tenho a
humildade de cuidar com paciência, com sacrifício, das feridas na comunhão?".
O verdadeiro
"motor" da unidade da Igreja é, no entanto, o Espírito Santo. "A
nossa unidade não é primariamente resultado do nosso consenso", nem do
"nosso esforço para estar de acordo com os outros, mas vem dele, que faz a
unidade na diversidade, porque o Espírito Santo é harmonia".
Francisco terminou a
catequese recomendando aos fiéis ser "homens e mulheres de comunhão"
e de "unidade na oração”. E levantou ao céu a seguinte oração:
"Peçamos ao Senhor que nos conceda ser cada vez mais unidos, para nunca
mais sermos instrumentos de divisão; que nos esforcemos, como diz a bela oração
franciscana, para levar o amor onde houver ódio, o perdão onde houver ofensa, a
união onde houver discórdia".
FONTE: ZENIT
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