sexta-feira, 30 de maio de 2014
O que fazer depois do lançamento da Portaria nº 415?
Portaria que abre
inúmeras brechas para o aborto no Brasil deve ser revogada
Por Lilian da Paz
BRASíLIA, 26 de Maio
de 2014 (Zenit.org) - Na última quarta-feira, 21 de maio, o Ministério da Saúde
lançou a Portaria nº 415 no Diário Oficial da União. A publicação, ambígua,
traz ainda mais brechas para a prática do aborto nos hospitais de referência do
Sistema Único de Saúde (SUS) com a seguinte redação:
Art. 1º Fica
incluído, na Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses/Próteses e
Materiais Especiais do SUS (...) o procedimento (...) – INTERRUPÇÃO DA
GESTAÇÃO/ANTECIPAÇÃO TERAUPÊUTICA DO PARTO PREVISTAS EM LEI e todos os seus
atributos.
A interrupção da
gestação/antecipação terapêutica do parto é um eufemismo para o aborto, que
segundo a Portaria deve ser executado com o custo de R$ 443,40. Segundo o
Ministério da Saúde, este valor inclui o pagamento de uma equipe formada por
médicos, psicólogos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, assistentes sociais e
farmacêuticos.
A Portaria é
decorrente da lei 12.845, sancionada sem vetos pela presidente Dilma Rousseff
em 1º de agosto de 2013. O projeto que deu origem à lei passou sorrateiramente
pelas duas casas do Congresso Nacional e chegou à sanção presidencial com a
seguinte redação nos incisos IV e VII do art. 3º, dois dos mais polêmicos do
texto:
Art. 3º O atendimento
imediato, obrigatório em todos os hospitais integrantes da rede do SUS, compreende
os seguintes serviços:
IV – profilaxia da
gravidez; (...)
VII – fornecimento de
informações às vítimas sobre os direitos legais e sobre todos os serviços
sanitários disponíveis.
A linguagem também
foi usada para esconder a palavra aborto, designando a gravidez como doença que
deve ser prevenida, por isso o termo profilaxia da gravidez. Já o fornecimento
de informações sobre direitos legais, por não estar detalhado, abre margem à
seguinte interpretação: no atendimento médico, há a possibilidade das vítimas
serem convencidas a consentir com a prática de um aborto.
Mesmo depois de
inúmeras conversas entre a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
várias outras entidades religiosas e a Casa Civil, Dilma Rousseff aprovou o
texto sem veto, abrindo inúmeras possiblidades para a prática abortiva no país.
Neste sombrio
cenário, a Conferência e as entidades religiosas conseguiram, ao menos, o envio
ao legislativo do projeto de lei 6022/2013, com uma redação mais detalhada, em
que estão mais explicitados os procedimentos dos incisos IV e VII.
Mesmo esta iniciativa
do projeto de lei ainda traz desacordos entre o governo e os organismos
religiosos. “O PL 6022/2013 deveria ser acompanhado pelo veto parcial da lei
12.845. Ele modifica a definição de violência sexual, deixando claro que se
trata de estupro. Também explica que a profilaxia se refere à pílula do dia
seguinte, mas essa segunda questão queremos retirar”, explica Lenise Garcia,
presidente do movimento supra-partidário e supra-religioso Brasil Sem Aborto.
Normas Técnicas
Toda a questão vem
sendo permeada por duas Normas Técnicas estabelecidas pelo Ministério da Saúde,
no intervalo de 16 anos, e apreciadas na Portaria.
Em 1998, José Serra,
então ministro da pasta, publicou a Norma Prevenção e Tratamento dos Agravos
Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes, que afirma ser
‘legal’ e ‘permitido’ fazer o aborto em gravidez decorrente de estupro. A Norma
também indica que a mulher, nesta situação, desejosa de fazer o aborto seria
liberada do exame de corpo de delito, apresentando somente um boletim de
ocorrência sem necessidade de apresentação de provas.
Em 2004, o ministro
era o petista Humberto Costa, que lançou a Norma Técnica de Atenção Humanizada
ao Abortamento, dispensando o boletim de ocorrência para o aborto e impelindo
os médicos a agirem contra a própria consciência com a afirmação: ‘É dever do
Estado manter, nos hospitais públicos, profissionais que realizem o
abortamento’ (pág 15).
Com a Portaria nº
415, o Estado passa a arcar com o procedimento abortivo contemplando, de forma
mais direta, os três casos em que o aborto não é penalizado no Brasil: risco de
morte, anencefalia e estupro. Também traz brechas sobre a questão da objeção de
consciência médica, que, dependendo da interpretação do governo, pode obrigar
os médicos a executarem o nascituro, excluindo os princípios éticos e religiosos
de cada profissional.
Ações
Neste domingo, 25 de
maio, durante a 6ª Peregrinação Nacional da Família, a Comissão Episcopal para
a Vida e Família e a Comissão Nacional de Pastoral Familiar emitiram um duro
manifesto contra a Portaria. Um dos trechos destaca:
Neste momento
histórico em que o Brasil é palco de manifestações de violência doméstica,
mortes de filhos pelos pais, linchamentos em vias públicas, greves truculentas
que perturbam a vida das cidades, é um escândalo, protagonizado pelas elites
que comandam nosso país, essa portaria que destina verbas públicas para mais um
ato agressivo contra a vida das crianças.
Lenise Garcia, que
também é integrante da Comissão de Bioética da CNBB, afirma que a Portaria deve
ser revogada. “Além da retirada desta portaria, é importante a mobilização para
a aprovação do PL 6022/2013. A população deve cobrar o andamento deste projeto
no Congresso”.
Em nota divulgada na
última sexta-feira, 23 de maio, o Partido Social Cristão (PSC) disse que também
vai recorrer à Justiça contra a Portaria. Também está em andamento, na Câmara
dos Deputados, o PL 6033/2013 que pede a revogação total da lei 12.845.
sexta-feira, 23 de maio de 2014
O QUE SERIA AMAR, OU AINDA
SERÁ?
Hoje
se fala muito em amor. Nunca se conjugou tanto este verbo como em nossos dias.
Eu amo! Tu amas? Nós devemos amar!
O que
realmente é o amor? Só se poderá saber o que é o amor amando. Hoje na boca dos
jovens a palavra amor ecoa como algo tão comum e volátil, existe amor de todas
as formas, jeitos e até mesmo, pasmem, aquele amor que passa.
Se pesquisarmos a palavra para designarmos este
sentimento de afeto pelo outro na língua portuguesa, desagua necessariamente na
palavra amor. O contrário do que acontece na língua grega, que existem três
palavras para se falar em amor amizade, amor erótico e de doação. Aqui não me
proponho a dar uma aula de linguística, mas pretendo refletir sobre este
sentimento tão belo e ao mesmo tempo tão exigente chamado amor.
Em
sua primeira carta São João designa Deus como Amor (Jo 4,7). Ora, se Deus é
amor, o amor é eterno. Desta forma não se pode amar e pronto. Pois se amor tem
um fim em si mesmo ou até mesmo se completa, Deus não é amor. O amor é
justamente esta possibilidade sem fim de doação sempre. Quando Deus quer provar
este amor pela humanidade nos envia o seu o próprio Filho Jesus e este dá a
vida por todos nós. A sua entrega é de total amor e o seu amor exige Dele um
sofrimento sem limites, até gastar todas as suas forças e derramar o seu sangue
precioso por toda a humanidade, eu disse “toda”.
Então
me pergunto o porquê de tanta gente acreditar em um amor mágico que tem tempo
de validade, como se fosse algo que acontece e acaba de uma hora para outra.
Hoje há um discurso da realização pessoal, às vezes até exagerado, que no fim
das contas desemboca num eucentrismo, que em nome desta realização egocêntrica
faz lembrar-se de si e esquecer-se do outro, que muitas vezes colocou todas as
suas expectativas num juramento de amor que era mesmo uma paixão de momento ou
até mesmo uma afeição pelo exterior, à beleza aparente.
É em
nome deste eucentrismo que se fala tanto em realização pessoal, mas é também em
nome deste Eu que muitas vezes o convívio social tem quase se transformado impossível.
Pois, seu eu me torno o centro das coisas, tudo começa a estar ao meu serviço,
ao meu bel prazer. É justamente o que estamos assistindo no mundo em que
vivemos. Eu decido e o outro que se vire. Vejamos, a rua me pertence, jogo
lixo, pois eu sou livre. O corpo me pertence, por isso posso abortar. A rua é
minha, ligo o som do meu carro e os outros que escutem o que eu desejo ouvir.
Não
há amor sem sofrimento e doação. Aqui não trato de fazer apologia ao
masoquismo, um discurso de que é bom sofrer. Mas quem ama verdadeiramente
respeita o outro, as diferenças e olha para a pessoa como ela é, e primeiro ama
para depois propor um diálogo que possibilite entender o outro como ele e ela
são verdadeiramente. Não se entende um cristão que tem o dever de amar, quando
muitas vezes só julga. É preciso ter a atitude de Jesus que senta com a
prostituta pega em fragrante adultério e ama primeiro para depois lhe propor
uma mudança de vida. É certo que o Senhor entra no seu mundo, sofre com ela a
dor do abandono, a angústia de ter sido usada e descartada por aqueles que
queriam a apedrejar.
Não
se ama cobrando amor. Quem ama, ama desinteressadamente. Assim, quem ajuda deve
fazê-lo também desta forma, pois o que é mais importante é a pessoa na sua
integralidade e não um gesto que muitas vezes a faz sofrer. Só precisa ouvir de
nós: ninguém te condenou, eu também não te condeno, vai e não peques mais!
Estou de volta...
Fiel
no pouco!
Pe.
José Émerson.
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